Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2009

Promessa

Esta é uma carta destinada à Igor Costa Moresca somente para daqui quatro anos. Como vai? As coisas continuam ruins pra você? Ou você se conformou/acostumou? Espero que não. Á essa altura acho que você já deve ter percebido a oportunidade única que conseguiu criar para si, apesar das circunstâncias que não vem ao caso. Quantas pessoas você conhece que, em menos de quatro meses, conseguiram o que você conseguiu? Aposto que a maioria ainda mora com os pais e passa o dia todo cutucando os pés, ou qualquer outra coisa sem importância. Achando que estão na melhor fase de suas vidas. E pior, você costumava concordar com eles. Enfim, você já deve ter superado isso, assim espero. Aqui quem fala é você mesmo, quatro anos após você criar coragem de escrever isto. Não, ainda não existem carros voadores e você ainda não experimentou aquela batata recheada do shopping que sempre prometeu experimentar. Mas relaxe; de todas as promessas que fez para si mesmo, está é a menos importante. Só um

Sem fio

Talvez seja a maturidade ou a sabedoria que vem com a idade, mas hoje eu entendo a necessidade e até preocupação que eu sentia com coisas pequenas que antes faziam parte do meu cotidiano. Coisas que pareciam irracionais, à primeira vista... E irracionalidade é comigo mesmo. Hoje eu percebo como era bom estar apenas há quarenta minutos de distância da minha cidade, ao contrário das cinco horas que é o que me divide dela hoje. Cinco horas de carro, claro; de ônibus, eu até me sinto mais velho quando chego. A biblioteca da minha escola, também é algo da qual sinto muita falta. Só de pensar nos momentos que passei lá dentro - ao contrário do número de livros que realmente cheguei a ler - me faz pensar o quanto eu tinha em mãos, sem saber exatamente seu valor. Uma única coisa nela me incomodava; os computadores eram até piores que o meu. E olha que o meu faz barulhos assustadores sem motivo. Agora eu tenho uma nova realidade, novos ambientes e novos rostos; enfim, uma nova rotina; apura

Impossível

Como eu consegui ser uma bagunça tão grande, tão cedo na minha vida? Meu nome é Igor Costa Moresca e hoje eu quase trombei numa àrvore. *** É um momento surpreendente quando você descobre que 24 horas por dia é pouco para fazer tudo que se tem para fazer. Há certo tempo atrás, quando não planejava nada interessante para fazer, minha rotina diária era simplesmente ficar em casa o dia todo e refazer coisas que já tinha feito antes apenas para com que o tempo passasse. Outro momento chocante é quando você se dá conta de que passou mais tempo do que parece, e que você está mais a frente do que esperava. Estive aprendendo tais lições graças às drásticas mudanças na minha rotina. Agora eu mal fico dentro de casa - detalhe, da minha casa - e, quando fico, preciso sempre ter certeza de que esta está limpa, ou se a roupa suja está acumulando, ou se está na hora de fazer compras de novo. E não, eu não esperava que iria me preocupar com algo assim, assim tão cedo. Ao longo do meu dia agora-ataref

Inverno

Acho que eu ficaria mais tranquilo se alguém aparecesse para me acalmar, seja pessoalmente ou até mesmo por mensagens em uma garrafa. Junto com a distância, vieram o medo e a dúvida. Eu não estou mais aí para ajudar vocês, muito menos para que vocês cuidem de mim como sempre fizeram. Talvez, se alguém me dissesse que eu fui o melhor amigo que eu poderia ter sido enquanto estava presente, eu ficaria menos inseguro. Laços que pareciam ser tão indestrutíveis, pessoas que estavam sempre do meu lado, agora parecem ser tão frágeis. Tenho medo de fazer algo errado à distância e desapontá-los, ou eventualmente perdê-los ao longo do tempo. Mas eu simplesmente não posso perdê-los; vocês ainda são parte de mim. Ontem à noite trovejou bastante, e hoje amanheceu ainda com a chuva. Quando eu passava as férias aqui, costumava chover mais regularmente. Claro, eram estações mais propícias do ano. Desde que vim para cá, não tem chovido tanto. Pelo contrário; fui surpreendido pelo calor, e ainda mais pel

Bandeira branca

Talvez eu deva apenas admitir por escrito aquilo que todos já sabem; eu não sou muito adaptável a mudanças. Eu não aceitei de cara as pessoas e os lugares com os quais eu agora me deparo todo dia, como eu achei que aceitaria. Como resultado, eu não tive um bom começo. Eu não tive satisfação nas novidades que experimentei, ao conhecer pessoas incríveis, ou ao visitar lugares novos. Porque a parte de mim, que nunca morrerá por sinal, continua quase que inteiramente apegada á vida que deixei para trás, de maneira bastante abrupta devo acrescentar. E não é algo tão fácil de esquecer. Eu não quero esquecer. Eu não quero me desapaixonar pelas pessoas que ocupam meu coração, cuja saudade faz com que meu coração sangre toda noite antes de dormir. Antes mesmo que eu deite a cabeça no travesseiro e sonhe com todos os momentos que passei com vocês. Momentos inigualáveis, inesquecíveis, que passaram rápido demais. Mas apesar da dor do desapego com a qual estou tentando me conformar, eu sei que pre

Porta aberta

- Bom, chegamos. Deixe-me só achar a chave certa para o port--Ah, abriu. Entrem, entrem. Podem ir em frente, a porta de vidro já está aberta. Os moradores a mantém aberta durante o dia, mas a vizinhança é muito segura, não se preocupem. Mencionei que é um dos melhores bairros da cidade, senão o melhor? Pois então, veja só que prestígio. E por esse preço, vocês não vão encontrar algo tão bom. Aqui vamos nós, entrem, fiquem à vontade. Como vocês podem ver, tem o tamanho ideal para uma pessoa morar; sala, cozinha, banheiro, e um quarto grande. Você pode muito bem colocar uma cama aqui, um guarda-roupa ali, e ainda sobra espaço. Agora, a sala, como vocês podem ver, divide-se com a cozinha, mas claro, fica a seu critério. Alguns moradores incrementam a sala, outros não se incomodar. Você não vai precisar de sala, não é? Deixe um espaçozinho para uma geladeira, um fogão, não há necessidade de um sofá, certo? Coloque uma mesa aqui e pronto, está feito. Claro, precisamos fazer uma vistoria ant

Tudo ou nada

Dizem que não se pode ter tudo. O motivo pelo qual isto me parece ser verdade vem do fato de que eu possuo o dom inigualável de complicar quaisquer situações que me são apresentadas. Ninguém consegue criar uma tempestade em copo d’água como eu. Claro, isto não é algo bom. E como é de costume, eu me prendo em situações das quais não consigo escapar. A única coisa a se fazer é sentar e simplesmente esperar esses momentos passarem. O truque é avançar por tudo; deixar que o agora, a parte ruim, aconteça rapidamente para que a parte boa venha logo. É estranho, mas aprendi a fazer isso há muito tempo atrás e ainda funciona bem. Eu preciso ter em mente que o amanhã será melhor quando deito a cabeça no travesseiro à noite, mesmo quando o dia foi horrível. Eu me convenço de que esse desagrado momentâneo passará. Também não é pra menos, minha família e meus amigos sempre significaram tudo para mim; não é a toa que me sinto sem nada aqui. Comecei a testar essa ferramenta meio a filas de banco ou

Entre as linhas de medo e culpa

Basicamente, é uma mistura de culpa e medo. Não sei explicar melhor do que isso. Culpa por ter deixado para trás uma vida repleta de amor, sorrisos e risadas sinceras, e medo de que a distancia eventualmente faça com que eu perca aqueles causadores de sorrisos e risadas, e de amor. É assustador demais porque não estou mais por perto; continua sendo apenas um ônibus de distância, se não fosse pelo diferencial da tarifa e do tempo de viagem. O que antes era tão viável agora parece inalcançável. Não posso dizer isso a ninguém, muito menos reclamar. Afinal, foi minha decisão. Eu escolhi isso. Parecia ser a opção mais sensata, no momento. Se eu soubesse que iria acabar sozinho e arrependido, eu teria reconsiderado algum cursinho por um ano. Às vezes eu saio de casa desejando secretamente por encontrar com um amigo, um conhecido, alguém do meu passado, de repente na rua; seria maravilhoso. Às vezes eu não consigo sequer respirar aqui; a respiração agita-se, o coração acelera, e a garganta pa

Apartamento vazio

Quatro meses depois. Uma e quinze da manhã. Com meus pés doendo e minha vista cansada, após dias e dias de esforçada negação, eu decidi tomar uma atitude em nome da minha paz de espírito. Parece que, a cada mês que se passa, as coisas tendem a mudar drasticamente. Para deixar tudo ainda mais estranho, não tenho direito de ficar zangado ou chateado com ninguém; são apenas conseqüências de minhas próprias decisões. Fui eu quem recusou um ano de cursinho e saiu de Londrina para ingressar numa faculdade distante. Fui eu quem aceitou trabalhar para bancá-la, e também para obter um mínimo de autoridade sobre meu dinheiro. E fui eu quem enfrentou batalhas desprezíveis para abandonar um segundo lar familiar, e adquirir um lugar que pudesse chamar de só meu. E assim, após certa pesquisa, alguns comprometimentos e um recibo com meu nome, eu aluguei meu primeiro apartamento. Sozinho. É estranho quando a vida que você teve por anos de repente aparece diante dos seus olhos, principalmente se seguin