As coisas estão mudando, é só o que eu consigo dizer. Se estão mudando para melhor ou pior aí já não sei. Mas certamente sinto que já não sou mais aquele garoto tímido, idealista e apaixonado de antes - não que eu tenha abandonado meus valores, mas não sinto que estão sendo tão guiado por eles como antes. Senão como explicaria as idas aos bares, as conversas durante as aulas, as inúmeras piadas, e os sorrisos em fotos? É, Igor, você mudou. E sabe exatamente o que está acontecendo; está feliz. E para piorar está até feliz por estar feliz; quem diria?
Veja só as coisas que anda dizendo e fazendo, coisas que antes julgaria como fora do seu caráter agora parecem rotineras. Não deixe nada para amanhã, vamos aproveitar o hoje, nada de se entregar à paixões platônicas, atrações sem fundamentos ou fantasias inalcançáveis. Nem o impossível me instiga tanto como antes; as pequenas coisas que me seduziam agora parecem fragmentos de uma vida que sequer havia começado, e somente nestes últimos dias é que estes olhos começaram a se abrir para um mundo de possibilidades e, quem diria, sorrisos. Mas e o amor, Igor, onde ficou no meio de tudo isso? Quer dizer, você ainda acredita em amor, não é?
Aquela esperança parece estar se desfazendo tão suavemente conforme me entrego a uma vida nova, a um novo eu que até mesmo precisa se esforçar para lembrar de como costumava deixar o amor mostrar o caminho a ser seguido. De repente, acordar imaginando se hoje seria o dia em que eu a encontraria, e dormir com o sonho de que eu a conheceria amanhã, parecem memórias distantes. Memórias de um tempo onde felicidade parecia inatingível e as lágrimas reinavam. Ainda há lágrimas, mas agora acompanhadas com risos. Ainda há dramas, mas não com a mesma intensidade de antes. Crises existenciais? Claro, mas sem toda aquela teatricalidade clássica que tanto lhe caracterizava. Pelo contrário; é você quem tem se oferecido para ajudar os outros, logo você que era tão carente e tão desesperado para encontrar o apoio de alguém só para não se perder na própria irracionalidade.
Sejamos honestos; nós mudamos. Quando menos percebemos a vida com a qual nos acostumamos fica para trás assim como os rostos com os quais passamos a contar tanto, e logo novos ares tomam conta. Passamos a nos surpreender cada vez mais, e a surpreender os outros conforme nos entregamos a um novo turbilhão de emoções que muda nossa forma de ser e de ver o mundo. Alguns chamam isso de crescer, outros dizem que é apenas amadurecimento. Talvez a vida esteja mesmo começando agora, mas e quanto a tudo aquilo que vivemos, sentimos, pensamos e choramos antes? Ficou para trás.
Talvez precisemos abrir mão de quem fomos para nos tornarmos quem iremos ser. Acho que nem daria conta de um amor agora, de vibrar e sofrer como o adolescente jovem e ingênuo de outrora. Não estou sozinho, estou solteiro e, pela primeira vez, me divertindo com isto. É, as coisas estão mudando; só não me pergunte aonde isto irá me levar. Igor Costa Moresca, 19 anos e aprendendo a viver o hoje. As coisas estão melhorando, ou você ainda se sente o mesmo?
Ao som de: One – U2.
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