Dois anos atrás, um garoto decidiu deixar para trás tudo o que achava que conhecia para partir em busca de algo que não sabia exatamente o que era, mas que sabia que estava por aí. Decidiu que ao em vez de aprender a viver com um coração partido, apenas aprenderia a viver. O garoto baseava-se em amor, a ponto de desaparecer na pessoa em quem amava - e o único jeito que conhecia para recuperar-se, era se apaixonando por outra. Se havia uma palavra que poderia descrever o garoto, era "amanhã" - pois era o lugar aonde ele conseguia enxergar sua felicidade. E ao se despedir de tudo e de todos, partiu para o mundo deixando apenas um rastro de lágrimas e lembranças do que ele considerava ter sido a melhor época da sua vida. Era isto mesmo o que queria, apesar de questionar-se de vez em quando, porque no fundo sabia que precisava ser corajoso. Mas ele era jovem, e sequer desconfiava que de tudo aquilo pelo que ele mais prezava restariam apenas fragmentos, e que ele nem havia começado a viver ainda.
Como todo adolescente, acreditava que a vida ficava mais divertida quando rodeado por amigos em uma mesa de bar, e aos poucos tentou reconstruir parte disto para si. Só que quando você firma os pés no mundo real até a sua respiração passa a dar mais trabalho, e descobriu que não encontraria amigos tão facilmente. Precisou apanhar muito para aprender que precisava confiar no tempo, este sim saberia a hora certa para os demais acontecimentos pelos quais estava ansioso demais para saber lidar. Tudo isso e muito mais, depois de várias noitadas pela cidade, dentre barzinhos e rodas de conhecidos embriagando-se de risadas vazias e copos cheios. E a tendência nesses casos é sempre encontrar alguém com quem você nunca conversou antes, e em questão de momentos, passar a pensar sobre porque não haviam se conhecido antes. E quando menos esperarem, estarão ligados sem precisar ir ao bar ou então trazer o bar até eles, porque o que estava tentando ser escondido através daquelas doses e mais doses na verdade era solidão, carência e saudade de ter alguém que nos entendesse, em quem pudéssemos nos apoiar, ou apenas conversar sobre nada.
Quanto mais eu aprendo sobre a realidade dos outros, mais eu aprendo a apreciar a minha. Entendi finalmente o porque de certas coisas, aprendi a conviver com elas, e acima de tudo, aprendi que às vezes você precisa perder o equilíbrio para manter-se equilibrado - e para mim, perder o equilíbrio por amor nunca pareceu incoerente ou irracional. Porque tudo que é importante, demora para tomar forma e não pode ser apressado, senão qual seria a graça do inatingível se não parecesse tão impossível? Não teriamos fantasias, não nos permitiriamos sonhar, e aí que tipo de vida levariamos? E então o garoto encontrou aquilo pelo que saiu de casa para encontrar; a si mesmo e a felicidade que existe em se deixar levar pela vida, sem estar sofrendo sozinho por alguém. Não é tão ruim ter um coração partido; significa que você ao menos tentou lutar por algo. Então eu andei bebendo, e saindo por aí, e conhecendo novas pessoas e me permitindo aprender com elas, e tem sido bom. Quanto ao amor, eu ainda não a encontrei, mas agora não permito mais ser sufocado por ansiedade. Se puder redefinir uma palavra para mim, esta palavra será "hoje".
Dias melhores chegaram.
Ao som de: Dog Days Are Over – Florence + The Machine.
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