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Mostrando postagens de maio, 2011

Quem sabe uma terapia...

Eu tive aquele sonho de novo ontem a noite. Eu estava numa sala de cirurgia, com médicos e enfermeiras ao meu redor, todos com seus bisturis e anestesia direcionados ao meu coração. De repente, um dos médicos se assusta com algo e todos param. Ele estuda cuidadosamente com uma pinça uma fratura no meu coração jamais vista antes. E afirma com horror, " Este coração foi partido ". Os médicos ao redor balançam a cabeça em uníssono e adjetivos parecidos; " Quebrado ", " Estraçalhado ", " Incurável ". O cirurgião pega meu coração em mãos e o avalia uma vez mais com choque, e o joga no lixo. Acordei. *** Agora é oficial; as mulheres me enlouqueceram. Nada mais poderia explicar toda a desorientação e paranóia, para não falar dos diagnósticos críticos sobre minha saúde. Talvez não haja mais nada a fazer a não ser esperar que eu realmente acorde, que esta dor comece logo a dor para começar a ser curada, e que tudo isto fique para trás sem r

O botão do "foda-se", ou guerra fria IV

Estou mais frio do que a cidade , e para quem costuma sentir as coisas mais do que o normal, isto não é um bom sinal. Eu nunca pensei em mim mesmo como alguém que poderia se sentir confortável em viver com indiferença, sem sentir as coisas tão profundamente e sem agir loucamente baesando-se apenas em suas emoções, sem nunca saber ao certo aonde elas me levariam. Mas conforme seguimos adiante neste mundo frio e incansavelmente desgastante, estamos fadados a ter nossas crenças fragmentadas durante o caminho, e quando menos esperamos podemos nos encontrar assim, surpreendentemente despreocupados. A dor que parecia fundamental para fazer nos sentir vivos de repente para de latejar, e uma tranquilidade estranha toma o lugar do que antes costumava ser desespero silencioso para que a vida deixasse de ter tanto drama. Pois é; acabou o drama. Nós simplesmente não demos certo, e para mim você não existe mais. Alguns dizem que este é o momento em que encontramos em nós o botão do "foda-se&

O primeiro beijo

Dizem que tudo o que você precisa saber sobre alguém em quem você está interessado pode ser descoberto através daquele primeiro toque entre os seus lábios, e em questão de instantes poderiamos ouvir o som de fogos de artifício ao longe, ou então o fogo da paixão entre nós aumentando mais e mais até finalmente chegar ao ponto de erupção, e nos fazer querer não largar mais dos lábios um do outro. A promessa de um relacionamento, um futuro, ou qualquer envolvimento que seja entre você e a pessoa que você ama define-se a partir do primeiro beijo, e por isso não é a toa que nossa tendência é de ficarmos sempre um pouco nervosos ao esperar que tudo ocorra perfeitamente. Imaginamos qual música tocaria em nossa cabeça enquanto nos envolvemos em nossa atração, tentamos controlar a euforia que toma conta do nosso ser, e a medida que arrepiamos um ao outro, o que começou como um simples toque pode nos levar à loucura em seguida - a loucura de desejar ao outro cada vez mais, a cada novo toque a

Compromissos

Eu nunca namorei. Alguns amigos meus já tiveram a experiência, outros só imaginam como seja mas acreditam que não é para eles. Por outro lado, eu imagino como seja e anseio pelo dia em que alguém aparecerá na minha vida e faça esse sonho se tornar realidade; alguém que eu realmente ame e sinta vontade de passar noites frias aconchegado debaixo do edredom, quem sabe assistindo a um filme na televisão para terminar bem o Domingo, ou então até mesmo colocando em prática a chama da nossa paixão. Enfim, é um sonho. Todo mundo tem aquele sonho maior do que a vida em si que procura alcançar dia após dia, mas às vezes um sonho é apenas um sonho por um motivo - porque alguns quando se realizam, perdem o esplendor que possuiam quando eram apenas fragmentos da nossa imaginação. Sabe quando a ideia que você costumava ter sobre uma pessoa acaba parecendo melhor do que quando você realmente a conhece? Bom, é o que eu sinto agora. Mas ao confrontar o luto de mais uma paixão que não vingou, eu perc

Adiante

Não é a toa que as pessoas entram na sua vida , e também não é a toa que elas se vão. Chega uma hora na vida de todos nós em que precisamos aprender a abrir mão de pessoas que sempre tratamos como prioridades, mas que nunca nos viram como algo além de meras opções ou válvulas de escape que sempre estariam ali quando precisassem. Aprendemos que queremos mais, precisamos de mais e merecemos mais do que estamos recebendo, levando em conta as dores que sentimos e tomamos do outro, só para descobrir que o retorno pelo qual tanto esperamos nunca virá. Em namoros, é o momento de terminar antes que as coisas fiquem piores, e em amizades é a hora de começar a se afastar, mas abrir mão de alguém nunca é fácil em se tratando de relacionamentos, e ver que tudo o que construiram juntos quando não passa de uma ilusão, não é algo que valha a pena carregar conosco quando seguirmos adiante. Mas precisamos seguir em frente por mais que a saudade nos dê vontade de reconsiderar tudo e voltar atrás, só

Ter respeito é mentir direito

Nós todos mentimos ; não há exceção quanto a isso e quem disser o contrário, está mentindo também. Algumas mentiras são pequenas e não causam muito mal à nossa consciência, como dizer para aquele amigo chato que estamos ocupados demais para lhe dar atenção, ou inventar compromissos para evitar prestar um favor a alguém, ou evitar situações constrangedoras ao alegar que estamos doentes e não podemos fazer uma leitura em voz alta para a classe. Mas viver a base de mentiras é difícil não somente pelo peso na consciência, mas pelo trabalho que pode nos dar em mantê-las firmes diante dos outros. E mentiras levam a segredos, sentimentos de culpa e, nos piores casos, a descoberta do nosso verdadeiro caráter. Mas a terrível verdade por trás das mentiras que é às vezes não mentimos por nós, mas pelos outros. Mentimos para evitar o sofrimento alheio, ou para manter o bem estar social entre nossos amigos, ou simplesmente para não criar confusões. Porque nem todo mundo consegue lidar com algumas

Tão perto, tão longe

As pessoas são complicadas. Começam por confundir proximidade com intimidade, e a partir dai o caos toma conta. Vamos do começo; eu existo, e você existe. Entre nós existe algo, uma relação, uma cumplicidade, um compromisso, não importa de qual tipo - chamamos isso de relacionamento. O que um relacionamento precisa para dar certo? Intimidade. Mas intimidade não surge quando duas pessoas passam os dias juntos, as noites juntos, e cada momento livre entre um e outro juntos. Intimidade vem do fundo de mim, do meu coração, que encontra conforto e confiança em você e vice-e-versa. E nem sempre as pessoas mais próximas, com as quais passamos a maior parte do tempo, necessariamente são nossos relacionamentos mais importantes. E como era de se esperar da vida, as coisas sempre podem ficar mais complicadas. Às vezes nossos relacionamentos mais significativos, são aqueles com as pessoas que estão mais distantes de nós. A maioria das pessoas entendem a distância como algo ruim; porque as mel

A bela e a fera

Quando a Disney não está prolongando o mito da princesa indefesa e o príncipe encantado - e o mito do sexo perfeito sem treinamento ou leitura prévia do kama sutra - os filmes geralmente são voltados para o relacionamento improvável, porém indestrutível, que se forma entre uma bela moça e um homem horrendo - quando não é um monstro peludo. A partir disso surgiram os estereótipos acima dos casais passando por nós pela rua: se ele é feio e ela é bonita, ele tem dinheiro, se os dois são feios estão juntos por falta de opção, e se ela é feia e ele é bonito, ai é amor mesmo - até ele largar ela por uma mais bonita, porque gente bonita tem que ficar com gente bonita, do jeito que a seleção natural exige, a não ser que seja boa de cama mesmo usando a fronha na cabeça. Mas a única coisa natural nisso é a nossa própria natureza podre de julgar livros pela capa e nunca considerar que, adivinha só, existe conteúdo também, salvo as exceções - afinal, realmente, existem pessoas ocas por ai. Con

Retorno

Parece que cada decepcção que ocorre em nossas vidas nos afasta de nós mesmos, a medida que o medo, as lágrimas e o choque com a realidade nos levam a tamanha desorientação capaz de fazer com que o chão sob nós desapareça de repente e nos deixa sem saber como nos sentir como nós mesmos de novo. Nós nos perdemos; às vezes não sabemos como encontrar o caminho de volta para casa, ou para os braços da pessoa que amamos, ou até mesmo para aquela pessoa que nos encarava nos espelhos da vida, mas que agora parece tão diferente. A vida é uma estrada e cada um de nós faz o máximo que pode para discernir o caminho certo a ser seguido, mas quando algo acontece em nosso caminho não há nenhuma placa que nos direcione de volta ao nosso antigo rumo, e nenhuma placa de retorno para nos oferecer ajuda. Nos perdemos dentro de nós mesmos, e parece que alguns de nós nunca conseguem reencontrar seu rumo. Eu já me perdi várias vezes na minha vida, a medida que mulheres, escolhas profissionais, faculdad

Coleção de inverno, ou à procura de algo a mais

Eu poderia estar lá fora no mundo me divertindo, mas não, estou aqui me aprofundando nesta bagunça que chamo de eu mesmo e refletindo sobre as lamúrias da minha existência. Quem sou eu agora? Alguém que saiu em busca de sentido para tudo, não encontrou, e se perdeu pelo caminho. Alguém que carrega lágrimas desesperadas para escorrerem por seu rosto, mas que não conseguem ir além dos cantos dos seus olhos. Alguém que não sabe o que quer, que gostaria de voltar ao jeito que era antes mesmo que também não tivesse noção das coisas naquela época. Alguém com um olhar perdido. Alguém que quer se aventurar lá fora, mas que tem medo do que pode perder se ir em frente. Alguém que tenta ter tudo o que quer, mesmo quando não tem certeza do que é. Alguém que deseja que sua vida seja perfeita de novo, apesar de saber que nunca realmente foi. Alguém que espera por um futuro melhor, se conseguir abrir mão do seu passado. E o que eu quero... Eu não sei o que quero, só sei que quando consigo as coi

Igor: 1, mundo real: 0

É, eu saí. Todos disseram que eu precisava sair mais, conhecer pessoas novas, deixar minha zona de conforto de lado e tentar algo novo - como viver, por exemplo. Sabe aquela sensação de imensidão que você tem ao perceber que o mundo é muito maior do que o seu próprio mundinho aparenta mostrar? Talvez não seja o tipo de coisa que alguém pense enquanto espera na fila para entrar na Bielle Club, mas estamos falando de mim aqui e nenhuma estranheza será vista com surpresa. Mesmo sabendo que vou me desapontar com o que encontrarei, às vezes eu ainda gosto de tentar ir além dos limites dos meus preconceitos e dar uma chance ao mundo real de me cativar e, quem sabe, me atrair a integrá-lo junto a todas aquelas outras pessoas aparentemente felizes com seus ingressos em uma mão e a bunda da acompanhante na outra. E alcoolizadas, claro, porque este é um daqueles momentos gloriosos da vida em que estar sóbrio não é uma opção; é uma afronta. Mas segui adiante; fui empurrado, pisoteado, julgad

Uma amizade normal

Ninguém sabe ao certo como uma amizade começa , mas geralmente acontece quando duas pessoas sentem que podem confiar um no outro num piscar de olhos, e a partir disso iniciam uma parceria firme e forte conforme fazem planos de sair por ai, ou para matar tempo e jogar conversa fora, ou para pedir conselhos quando as coisas ficam, bom, foda . Três anos atrás, eu estava afundado em livros e desespero na biblioteca do colégio, meio à recuperação de algumas - bom, muitas - matérias no fim do Ensino Médio e com pouco ânimo para insistir em aprender o máximo de Física possível para sobreviver às provas finais. O silêncio dominava o ambiente quando de repente alguém grita, " Chega dessa porra! Quem tá afim de largar isso e fumar arguile? ", e instantâneamente respondi, " Vambora! ". E de uma tarde esfumaçada de arguile e provas de Física refeitas, nasceu uma amizade mais forte do que qualquer outro companherismo que eu já havia tido; daquelas amizades de sentar na sacada

Modelos e mortais

Eu poderia ser modelo - pausa para risos. Eu não fazia meus amigos rirem desse jeito desde a vez em que eu disse que a prova da incapacidade das pessoas de valorizarem o que é belo era eu estar solteiro. Mas piadas a parte, eu não estava brincando desta vez; por que eu não poderia ser modelo? Ai disseram que se eu emagrecesse, me esforçasse, uma boa academia aqui e ali, um tratamento decente para essas espinhas, se Deus me desse alguns centímetros a mais, talvez, quem sabe, eu poderia tentar. Foi o bastante para me frustrar e me fazer escrever; eu não ando muito profundo ultimamente, então qualquer frustração já está valendo alguns parágrafos. Primeiro, eu não disse do que eu seria modelo; quem sabe não poderia ser o homem mudo que segura o produto enquanto anunciam a venda do novo modelo da TelePix ou então do revolucionário Cogumelo do Sol. Segundo, nem tudo o que eu digo é sem sentido ou absurdamente hilário; se eu disse que eu poderia, é porque eu realmente penso que conseguir

Garotos de 17 vs. homens de 20

Quando eu tinha 17 anos, o mundo era outro. Quer dizer, já estava perdido, mas as coisas não pareciam tão escancaradas como são hoje. Éramos menos precoces e - me atrevo a dizer - mais felizes vivendo na inocência e na simplicidade dos relacionamentos; quando amizades realmente significavam alguma coisa e namoros não se baseavam apenas na mudança de status do Orkut. A sexualidade, então, nem se compara; da onde eu vim, sexo era a fronteira final que duas pessoas poderiam cruzar em um relacionamento para atingir a verdadeira intimidade de uma vida a dois, e era tratado como tal. Mas como é da cultura, as coisas aqui no Oeste não só são totalmente diferentes, como tratam este tipo de visão com severo julgamento e, como era de se esperar, as conclusões precipitadas tomam o lugar do que a pessoa realmente é. Mas como eu disse, o meu mundo era outro. As mulheres nos viam como seres imaturos, inadimplentes e levemente imbecis porque não tinhamos idade suficiente para beber, dirigir ou p

A mãe de todos os posts

Existem 346 quilômetros separando Cascavel e Londrina , o que seriam equivalentes a aproximadamente seis horas de ônibus - ou quatro horas e meia se você viajar com meu avô. Por isso foi tão surpreendente quando eu resolvi pegar o último ônibus saindo de Cascavel para passar um único dia em Londrina. Talvez, se fosse apenas um dia qualquer, isto parecesse extremo ou inconsequente, mas não estamos falando de um dia qualquer, e tampouco de uma pessoa qualquer. Minha chegada não correu exatamente como eu planejava; no meio da viagem ficamos sem gasolina e aguardamos parados na estrada escura por algum tempo até o motorista retornar para reabastecer o tanque e acelerar com toda a sua frustração em direção ao nosso destino. Eu cheguei em Londrina às 5h30 da manhã, onde o sol nem havia nascido ainda, só para não encontrar minha carona me esperando como haviamos combinado. Meu amigo havia saído na noite anterior e, como descobri posteriormente, acabou chegando em casa exatamente na hora e