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É uma questão de princípio, entende?

Há muito tempo que eu parei de tentar encontrar sentido nas coisas que faço; agora apenas faço as coisas e me permito fluir através delas, e o que tiver que acontecer, que aconteça. Mas para aqueles casos em que é preciso dar certas explicações, é sempre importante ter em mãos o argumento certo para se defender, ou no mínimo, um álibi bem estruturado. Só que apesar de parecer completamente incoerente, até mesmo as minhas maiores loucuras possuem uma base; afinal, você nunca irá longe neste mundo se não possuir coerência pelo menos em sua própria incoerência... Entende?

Porque tudo o que fazemos, assim como o que não fazemos, na verdade não passa de uma questão de princípios sendo colocados à prova no mundo. Nós ignoramos porque queremos ser notados, ou então falamos alto para ter certeza de que seremos ouvidos, e até abrimos mão de certas coisas - para não dizer, pessoas - quando percebemos que chegamos a um ponto onde estamos mais retrocedendo do que evoluindo - e não podemos nos deixar levar desse jeito, não é?

E tem dias que nada faz sentido mesmo, não importa o que tentemos fazer ou quem tente nos ajudar. Alguns dizem que a vida é uma série de eventos aleatórios com coinciências e acidentes com os quais trombamos de vez em quando, e aprendemos a lidar com eles quando acontecem. Por isso talvez seja tão importante termos nossos valores bem estabelecidos antes de sairmos de casa, senão podemos nos perder na loucura dos outros ou deste mundo que insiste em não parar de griar - não é a toa que às vezes ficamos tontos.

Se eu não estiver sendo claro desta vez, não tem problema. Na verdade, nem era meu objetivo aqui. Era apenas uma questão de princípio, entende? Neste caso, a minha eterna defesa do princípio - para não dizer, direito - de ser irracional meio a tantos absurdos que vemos e ouvimos todos os dias. Talvez o que eu esteja tentando dizer é que está tudo bem se você se perder às vezes, não precisa fingir que entendeu ou só balançar a cabeça com vergonha de perguntar ou de pedir para repetir. Por isso, nos casos de emergência, eu prefiro mais é aumentar ao máximo o som dos meus fones de ouvido antes de sair de casa. Na pior das situações, me deixo levar pela música - outro princípio superestimado a ser seguido.

Ao som de: Barbra Streisand - Duck Sauce.

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