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Eu

Chega uma hora na vida de todos em que é preciso aceitar o fato de que somos limitados, e que existem algumas coisas em nós que jamais seremos capazes de mudar. Esse momento acontece geralmente quando nos deparamos com alguém que aparenta ser tudo aquilo que não somos, e que por mais que tentemos mudar nosso jeito de agir ou de pensar, somos o que somos. Mas e quanto às personificações de tudo que gostariamos de ser e não conseguimos; será que essas pessoas existem apenas para fazerem nós nos sentirmos mal?

Eu não sou o homem mais bonito ou o mais inteligente. Minhas ações talvez não sejam tão marcantes, minha voz não é tão alta, e meu olhar está longe de ser tão penetrante. Meus gestos não são intimidadores, e meus sonhos não consistem apenas no que posso conseguir imediatamente. Não atraio as mulheres mais bonitas, e tampouco sou o que desejam quando saem à procura de companhia. Não tenho carro, dinheiro de sobra, ou um apartamento luxuoso. E além disso, provavelmente nunca serei o homem "pegador" que se gaba de suas conquistas em qualquer roda de amigos, e não posso me sentir mal por isto.

Eu sou limitado, assim como qualquer outra pessoa. Tenho meus pontos fracos assim como faço questão de exercer meus pontos fortes a medida que quero ser notado ou validado, e às vezes sequer sou percebido até quando precisam da minha ajuda, meus conselhos, ou quem sabe que eu apenas os ouça, porque sabem que eu entenderei suas dores - particularmente, porque também já as senti uma vez ou outra. Este sou eu, e não há nada que possa fazer a não ser esperar que um dia desses me apareça a oportunidade de provar para alguém que, apesar das aparências e todos os apesares, eu posso sim fazê-la feliz.

Não importa o que aconteça, ou como a minha história termine, preciso deixar as outras pessoas com as qualidades que eu gostaria de possuir de lado, e seguir em rumo a tudo que eu desejo, independente do tempo que levarei para alcançar ou então, se um dia conhecerei aqulo que chamam de amor verdadeiro, em meio a esta bagunça que chamamos de mundo real. E mesmo que seja tudo em vão, e no fim me sobrem apenas lágrimas, certamente não serão de arrependimento. Algumas pessoas não perdem seu tempo pensando se estão felizes ou não, ou nas consequências de suas ações, ou na intensidade dos seus sentimentos, mas uma vez que eu adquiri consciência, acho que não abriria mão disto por nada. Farei as coisas do meu jeito, mesmo que isto signifique que a sensação de estar sozinho em uma multidão ainda me persiga por anos e anos, mas eu nasci para tentar.

Ao som de: Born to Try - Delta Goodrem.

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