Londrina ainda mexe comigo. Mesmo depois de dois anos, toda vez que volto para casa e passo pelas ruas, pelos lugares que costumava frequentar, e revejo as pessoas que faziam parte do meu dia-a-dia, parece que o tempo não passou e ainda estamos em 2008, matando tempo enquanto o dia da mudança e o começo do ano letivo da faculdade ainda estão por vir. Claro, daquele tempo até hoje muitas coisas se foram; perdi o contato com alguns amigos, enquanto alguns lugares se foram e novas construções tomaram seus lugares, mas a cidade ainda é a mesma. E quando eu reapareço, até eu volto a ser o mesmo garoto sonhador, alienado, inconsequente e incansável de antes.
Dos lugares que marcaram época ficaram o Lago Igapó, onde eu costumava dar voltas e voltas não importa se fosse durante manhãs frias ou fins de tarde ensolarados, sempre com os fones de ouvido ao máximo e meus passos sincronizados com as músicas que me levavam adiante. O colégio aonde estudei a vida inteira também deixou lembranças, desde as incoerências do ensino fundamental até as aulas tumultuosas do terceiro ano onde não eram mais precisos uniformes, horários ou notas muito acima da média, já que o enfoque era o vestibular - isto é, para alguns, enquanto outros se concentravam mais em ter o melhor ano de suas vidas, participando de uma festa após a outra, até a última bebedeira da formatura.
As festas que meus amigos e eu organizavamos nas casas uns dos outros também marcaram época, e sempre havia as mesmas figuras; aquele que organizava a festa e arrecadava o dinheiro para a compra das bebidas, aquele que dava caronas para ir e voltar, e aquele que desmaiava e sobrevivia graças à mercê dos outros e ao pacto que sempre faziamos de cuidar uns dos outros caso um de nós fosse fundo demais em seu copo. Às vezes, esse último era eu, com medalhas de honra ao mérito e histórias constrangedoras para provar.
E assim como toda vez que volto a Londrina ainda parece como voltar para 2008, despedir-me de todos e retornar para Cascavel me traz de volta ao início de 2009, quando empacotei minha vida, arrumei as malas e deixei minha cidade natal oficialmente para tentar uma vida nova em outro lugar. Como se, de certo modo, tivesse feito tudo o que podia em Londrina, e a deixei no ápice na minha adolescência para seguir com uma nova fase da minha vida, mas ainda deixando para trás família e amigos que sempre me convidam para visitá-los, e sempre fazem com que eu me sinta em casa novamente.
Ao som de: Home Again – Vonda Shepard.
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