Eu estou bem. E só quem sofreu comigo sabe o quanto demorou para que eu pudesse dizer isso de novo, especialmente em se tratando das coisas que a vida insiste em me fazer passar para aprender cada vez mais o quanto eu sou único meio a tantas outras pessoas nesse mundo lá fora, e que não importa o que aconteça daqui em diante, não há nada capaz de me deixar para baixo por muito tempo. Porque quanto mais a vida acontece, mas eu me supero, e mais eu agradeço de ser quem eu sou, com todas as estranhices e neuroses que, assim como a vida, eu aprendi a amar.
Eu admito que perdi o controle em alguns momentos e entendo que algumas pessoas eu simplesmente tive que deixar ir e que, se for pra ser mesmo, vão voltar ainda nesta vida. Mas depois de noites mal dormidas, miligramas excessivos de remédios para dor de cabeça, talvez uma lágrima ou outra, e a descoberta de ainda é possível confiar em algumas pessoas que agora percebo que chamo de amigos por um bom motivo, eu deixei para trás uma fase que até então parecia inexplicável, insuportável e levou cada fibra do meu ser a questionar a tudo e a todos, só para voltar exatamente aonde estava desde o começo; estranhamente feliz.
Se eu pudesse, será que avisaria a mim e aqueles ao meu redor que aqueles sorrisos chegariam ao fim? Tentaria alertá-los sobre as decepções, traições e reviravoltas que logo encontraríamos em nosso caminho? Provavelmente não. Da onde estou agora, entendo a jornada o bastante para perceber como esta deve ser trilhada; o segredo é seguir sempre em frente, abrir mão do ressentimento e das dores que nos mantém presos no passado, e que nunca estaremos preparados para o que a vida tem reservada para nós. Haverão surpresas, pessoas que jamais esperávamos conhecer, algumas que irão nos ferir e outras que quando nem imaginávamos compartilhar algo, acabarão por se tornar portos mais seguros do que aqueles que até então confiávamos para estar sempre esperando por nós quando as tempestades mexessem com nosso equilíbrio, mas que nos deixaram em mar aberto ou pior, nos fizeram nadar sozinhos até morrermos na praia, a seus pés.
Aos que deixei para trás, desejo o melhor para vocês. Espero que encontrem o que estão procurando, e quem sabe até não nos encontramos de novo? Talvez a hora fosse errada e ainda teremos muito para compartilhar, mas não hoje. E não me importo de ficar em casa enquanto vocês saem por aí desbravando novos horizontes; estou ocupado trabalhando um pouco mais em mim mesmo, antes de tentar retomar meu caminho rumo aos meus sonhos dos quais ainda não desisti. Quem sabe, escrever um livro, encontrar alguém, e deixar de ter tanto medo assim da vida. Devo estar crescendo, senão o que explicaria esse sorriso? Acho que devo isto àqueles que ainda estão comigo, pois não teria conseguido me reerguer sem que um de vocês me oferecesse a mão para segurar. O sol já vai se por, e minhas lágrimas - se é que houveram lágrimas - secaram sozinhas.
Quanto à tudo que aconteceu, eu posso explicar se quiserem escutar. Mas o mais interessante disso tudo é que eu sequer sinto vontade de explicar, especialmente quando as pessoas parecem já ter as respostas sem nem ter me contatado antes. E estranho mesmo é achar tudo isso agora muito divertido, porque eu sobrevivi - do mesmo modo que disse que faria quando o chão se desfez abaixo de mim. E ainda há tanta estrada pela frente que mal posso esperar pelo que ainda está por vir. Mas sobre esta última semana, só há uma coisa que pode explicar todo o caos e desordem que tomaram conta de mim e da minha vida: insanidade temporária. Ainda não fiquei louco, mas me sinto cada vez mais perto de romper com a lucidez sem pretenções de voltar atrás. Mas enquanto ainda estiver aqui, seguro das minhas inseguranças, coerente na minha incoerência, e estranhamente feliz, acho que vou continuar bem. Pelo menos, enquanto eu ainda puder escrever.
Ao som de: Tears Dry On Their Own - Amy Winehouse.
Massa ;)
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