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Vinte e poucos

É oficial: estou nos meus "vinte e poucos". O dia chegou e trouxe consigo muitos recados, votos de saúde e felicidade, flashbacks de amigos antigos e a criação de novas lembranças com novos amigos, sem contar os presentes, os dois bolos e o já famoso pudim que também fizeram a festa. E o dia passou. E desde que passou, eu fiquei assim; me sentindo um pouco estranho, levemente desconfortável, para não dizer desorientado com a pergunta fatídica que não me deixa mais ter pensamentos aleatórios como antes: e agora?

Eu cresci com a noção de que todos os anos que começam com 1 são considerados como o auge da nossa juventude; o momento em nossas vidas em que devemos aproveitar ao máximo a nossa vitalidade, nossa liberdade e sair por aí correndo e berrando, satisfazendo cada vontade bizarra, cada desejo ardente de nossas almas, e fazer o máximo que pudéssemos para evitar arrependimentos futuros. Eu não fiz isso, mas pelo menos sempre aconselhei aqueles ao meu redor a fazerem. E agora que completei minha transição à terra da maturidade – também conhecida como a casa dos 20 – eu me peguei imaginando o que deveria fazer agora. Terminar de construir meu lar, talvez? Encontrar uma garota que goste de mim e deste lar o bastante para não querer mais deixar nenhum dos dois, quem sabe? Começar a planejar um caminho profissional para seguir quando a faculdade terminar, eu acho...

Pelo menos de uma coisa eu tenho certeza; agora é a hora de estabelecer algumas definições. Chega de viver pelos outros, para os outros, e deixar de lado o que você gosta de fazer, não importa o quão ridículo pareça. Foi assim que eu comecei a lentamente reconstruir características do meu antigo eu que acabei por deixar de lado ao longo dos anos, acreditando que não eram "legais o bastante". E então, comecei a acordar cedo para caminhar de novo, com os fones de ouvido quase estourando música. Reorganizei meus lápis de cor, apontadores e canetinhas e me pus de volta à arte de fazer arte. E como se tudo isso não fosse o bastante, rompi com todas as minhas incertezas e inseguranças e passei a escrever mais do que nunca – sobre mim, sobre você, e sobre qualquer coisa que fizesse meu coração virar ou, no mínimo, minha cabeça doer o bastante para causar com que eu utilizasse este meu pequeno espaço para desabafar todas as angústias, teorias e fantasias de um antigo garoto de 17 anos, agora um semi-homem de 20, enquanto ele trilha seu caminho rumo à felicidade, ao amor e tudo mais que existir pela frente nesta aventura incansável, surpreendente e fantástica que nós chamamos de vida.

E só para não perder o costume, ainda carrego comigo todas as músicas que colecionei ao longo dos anos; as de ontem, as de hoje, e as que guardo com carinho para ouvir amanhã. Podemos não saber o que está por vir em nossas vidas, mas uma boa trilha sonora ao menos nos garante o som de algo maravilhoso. Meu nome é Igor Costa Moresca, e precisei de anos para me dar conta exatamente do quanto a minha bagunça era grande. E agora, com vinte e poucos anos, está na hora de colocar a casa em ordem.

***

Trilha sonora de Outubro (2011):

01. Does Your Mother Know – ABBA

02. I'm the Greatest Star – Funny Girl

03. Unwell – Matchbox 20

04. The Edge of Glory – Lady Gaga

05. Back to December – Taylor Swift

06. Walking on the Sun – Smash Mouth

07. Hello – Dragonette & Martin Solveig

08. Same Mistake – James Blunt

09. Fix You – Coldplay

10. Out Here on My Own – Fame

11. Nowadays – Chicago

12. Sometimes You Can't Make It on Your Own – U2

13. Sober – Pink

14. The King of Broadway – The Producers

15. Call Me When You're Sober – Evanescence

16. Nowadays / Hot Honey Rag - Chicago

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