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Chuva de Novembro

Foram com os primeiros pingos da última chuva de Novembro de 2011 que eu percebi algo. Esses últimos dias, esse mês, esse ano inteiro na verdade, não tem sido fácil nem por um segundo. Muita gente nova apareceu, e muita gente velha desapareceu, mas muitos rostos conhecidos continuaram comigo. Alguns lugares eu revi, outros eu nunca mais verei, e alguns eu simplesmente tive que me acostumar com algumas mudanças.

Porque até o meu lar mudou, mas por sorte meus amigos ainda conseguem encontrar o caminho até aqui. E quanto a mim, bom, eu mudei mais do que eu achava possível. Eu aprendi a simplesmente viver, aprendi o valor de um lar onde você pode se sentir mesmo em casa, aprendi como é difícil manter amizades, aprendi que briga nenhuma pode separar uma família, aprendi a abrir mão quando não havia mais jeito, aprendi que tem um limite até onde eu posso chegar e que além disso só depende de você, mas, acima de tudo, eu comecei a aprender a amar de verdade. Amor não é sentimento passageiro como a chuva; é tempestade tumultuosa que começa no fundo da alma e te alaga por inteiro, e é por isso que a gente chora tanto quando perde.

E Novembro acabou. Restam só mais alguns dias para que a gente se despeça de 2011 também. Eu comecei esse ano escrevendo sobre como pode ser difícil abrir a porta para pessoas novas, lugares novos e experiências novas, mas é algo que a gente precisa fazer se quiser tentar aproveitar ao máximo essa loucura desvairada que chamam de vida. E também escrevi que depois que a gente aprende e se acostuma, o nosso medo muda – a gente teme o adeus, a despedida, o fim. Bom, a essa altura talvez seja tarde demais para tentar dar início a algo novo, ou talvez não.

O ano está acabando mas ainda não é o fim, e essa chuva vai arrastar Novembro embora com as águas e vai trazer um último mês para esse ano indefinível que foi 2011 para que a gente possa fazer ainda tudo aquilo que não deu tempo, tudo aquilo que a gente adiou até agora, e tudo aquilo que a gente ainda quer fazer mas que procuramos desculpas para evitar. Mas a hora é agora. Dezembro chegou, e logo logo não será mais chuva que cobrirá o céu, mas sim fogos de artifício.

A chuva passa, o tempo passa, mas a gente continua aqui, e a gente precisa fazer o que pode e continuar seguindo em frente. Mesmo que machuque, mesmo que seja difícil, mesmo que a gente tenha medo. Mas não tem outro jeito, e a sorte é que não estamos sozinhos. Agora é oficial; é o começo do fim. Você ainda tem um mês para provar para si mesmo que o ano de 2011 não foi em vão. As águas limparam tudo e deixaram brecha para novos começos, apesar de já estarmos com um pé no ano novo. Vá em frente, viva.

Porque algumas coisas a gente só aprende com o tempo. Mesmo que seja nublado.

Ao som de: November Rain – Guns n' Roses.

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