Eu ainda acredito no amor; na crença de que duas pessoas podem se conhecer pelo acaso e, a partir disso, transformar duas vidas tediosas em uma só, repleta de felicidade e paixão. Só que depois de ver minha crença apanhar da realidade por alguns anos, essa paixão acabou esfriando consideravelmente em comparação às fantasias que costumava criar antigamente - quando eu era só um garoto de 14 anos com uma visão muito precoce e surreal de amor e relacionamentos. A verdade é que eu ainda acredito, mas bem menos do que antes. O que eu costumava chamar de "O destino nos separou porque ela não era a mulher certa" agora eu chamo de "Aquela vadia louca não prestava mesmo", dentre outras definições e termos menos carinhosos.
Eu costumava passar tardes sonhando acordado e elaborando fantasias diante dos meus olhos, que eu já não sou mais tão capaz de imaginar. Em vês disso, um certo realismo misturado com ceticismo e amargura tomou o lugar da inocência e do romantismo, e de certo modo foi quando eu comecei a ver parte do meu antigo eu desaparecer. E meus amigos se dividem em dois grupos; aqueles que dizem que eu ainda sou o Igor, e apesar dos momentos de descrença, eu sempre volto a acreditar eventualmente, e aqueles que insistem que eu deveria simplesmente aceitar aquela visão que sempre me pareceu distorcida da realidade, de que o romantismo acabou mesmo e ninguém mais quer namorar sério ou se comprometer de verdade com outra pessoa, e que o negócio é simplesmente sair, curtir, beijar, esfregar e gozar mesmo, antes que os anos passem e a nossa beleza - assim como a nossa capacidade de atração por coisas superficiais - se vá.
São essas coisas que me deixam tão confuso, especialmente quando um rosto bonito cruza o meu caminho e me faz criar leves fantasias sobre tentar me aproximar e descobrir que ela poderia ser esse amor que eu tanto procuro. O mundo não é mais um lugar romântico, mas ainda existem algumas pessoas que são e que ainda estão dispostas a acreditar na promessa do amor. O problema é que agora eu já não tenho mais tanta certeza se sou uma dessas pessoas, ou se minha descrença se tornou real o bastante para me impedir de sonhar tão alto. Em vês de me iludir e passar meses preso a uma paixão que só existe na minha cabeça e no meu coração, tristes verdades agora me guiam e impedem que eu perca tempo e a mim mesmo no mundo de alguém que não merece meu amor - ou, muito menos, minhas lágrimas. É isso que me faz acreditar que são coisas superficiais, como músculos ou "pegada", ou até mesmo materiais, como ter o carro do ano, as opções de crédito e débito cheias no cartão e uma casa de dois andares em um condomínio fechado longe da cidade, são o que realmente atraem as mulheres. E talvez até atraiam mesmo, mas para a cama ou até mesmo o estacionamento mais próximo, mas certamente não ao coração. Mas vivemos em um tempo em que não basta mais ter apenas um coração puro e com boas intenções para atrair alguém a experimentar um relacionamento sério com você, e eu aprendi isso da maneira difícil - mais de uma vez, diga-se de passagem.
E então eu fiquei assim; inseguro, fechado e mais incerto sobre as coisas do coração do que nunca. Eu não sei se acredito no amor, mas também não sei se é algo que realmente deixou de existir entre as pessoas. A única coisa sobre a qual tenho certeza é de que eu não gostaria de deixar de acreditar completamente, e que seria bom encontrar alguém que revivesse em mim a vontade de tentar tornar tudo isso em realidade. Infelizmente, parece que todas ao meu redor só conseguem mostrar que não vale a pena correr o risco. Talvez a chama do amor no coração das pessoas realmente não se apaga completamente, mas este definitivamente é um dos momentos de ventania forte que me fazem temer o seu fim. Quer dizer; o meu fim.
Ao som de: Don't Believe in Love – Dido.
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