Meu nome é Igor Costa Moresca. Se você perguntar como foi meu dia, direi que não houve nada de diferente. Acordei, tomei café, fui trabalhar, e voltei para casa. Claro, se você perguntar há quanto tempo eu venho feito isto, terá uma resposta diferente. Há dois dias atrás, eu nem tomava café. Há quatro dias atrás, eu nem tinha emprego. E há uma semana atrás, eu tinha outra vida.
Sete dias atrás, eu ainda estava em Londrina, onde nasci e cresci. Um mês antes do vestibular da UEL, recebi um telefonema do meu pai – que reside em Cascavel – sobre um outro vestibular que ocorreria na cidade dele, e que eu deveria optar por mais uma opção caso a UEL não resultasse bem. E foi exatamente o que aconteceu, mais ou menos. Passei no vestibular em Cascavel, enquanto meu desempenho na UEL foi catastrófico (o que uma redação não faz...).
E então, meu destino estava praticamente traçado – a faculdade em Cascavel me esperava. O que eu não esperava era exatamente o quão difícil seria desapegar de uma cidade após 17 anos, de amigos que significam o mundo para mim, e da família que sempre me recebeu de braços abertos seja ao final do dia, nos almoços de domingo, ou nas eventuais reuniões.
Despedi-me de quase todos, à medida que as férias em Janeiro me favoreciam, fiz as malas, de uma vez por todas separei aqueles que permaneceriam na minha vida daqueles que eu precisava abrir mão, e segui em frente... Mais ou menos.
Tenho uma nova vida agora. Novos arredores, novas companhias, e uma longa jornada pela frente. Saí debaixo da saia da mãe para morar com o pai e a família dele, para correr atrás do futuro que eu quero, e para atingir aquela tal independência da qual tanto comentam. “Você vai virar um homem agora, até agora você era criança!” Eu ouço isso bastante, e na maioria das vezes eu faço parecer que entra por um ouvido e sai pelo outro. Ninguém percebe quais coisas entram debaixo da minha pele e ficam – pelo menos, agora não mais.
Só que o otimismo não bate no peito o tempo todo. De noite costuma ser pior. Eu sinto falta dos meus amigos, da minha família, da minha cidade. Eu parei de demonstrar tanto isso, guardo pra mim. Subjetivismo demais causa dor de cabeça – aprendi isso do jeito difícil. Quando o sol nasce, melhora. Tudo fica mais claro. E eu paro de me preocupar tanto, porque sei que não vou “perder” nenhum deles.
Amanhã é o primeiro dia de aula na faculdade... Eu não tenho idéia de como vai ser. E quer saber? Eu mal posso esperar. Dizem também que será a melhor fase da minha vida, mas eu custo a acreditar. Principalmente porque a fase que mal terminou foi espetacular.
Se tudo isso fosse uma peça de teatro, esse seria o começo do 2º ato. Pelo menos, drama nunca falta. E lá vamos nós de novo.
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