Pular para o conteúdo principal

Desorientação

Algumas pessoas quando se aventuram em experiências novas, como mudar de cidade, fazer faculdade e arranjar um emprego, são questionadas por seus amigos sedentos por novidades e recontam tudo pelo que passaram com uma história envolvente e interessante. Eu queria ser uma dessas pessoas.

“Como vai a faculdade?”, “E o trabalho?”, “Já fez amigos?”, “Enfim, ta gostando?”; eu consigo responder tudo com “aham” sem nem me preocupar em não ter nada relevante para adicionar, e também me questionam por isso. Eu gostaria de viver em um mundo onde meu “aham” tivesse valor, mas só o meu. As vidas dos outros podem permanecer como “best sellers”, se não for incômodo.

***

Eu não questionei a razão de ter aulas de economia em Jornalismo, mesmo com apenas a teoria, mas certas matérias “fundamentais” aprofundam-se tanto que me deixa desorientado – mais do que o normal. E é com base nisso que eu desabafo: fotografia é uma coisa chata.

Não tive aulas práticas ainda, com exceção de uma breve visita a um laboratório, e apesar da minha afeição por teorias, toda conceituação (que, na maioria das vezes, foge do senso comum) tem que ter limite. E, por favor, não tentem fazer com que eu mude de idéia; eu fico satisfeito em não estudar sobre erros de paralaxe e só aparecer na foto. Com os olhos abertos, de preferência.

***

Não gosto de escrever a mão, mas tem suas vantagens. Pra começar, é algo cansativo e até meio chato, mas cria limites para minhas divagações e a humanidade agradece. Porque eu não sou uma pessoa normal com pensamentos rotineiros; eu sou o cara que riu por dois meses após ouvir a expressão “xepa da feira”, que caminha voluntariamente em tempestades, que toma todinho na faculdade, que fala com clientes igual fala com os pais, e que coloca catchup em salgadinhos. Imagine então esta pessoa com tempo e uma lapiseira – ou, na maior das calamidades, com o Word 2001.

E ainda me encorajam.

***

Eu não escrevo bem, eu só... não escrevo mal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 5 estágios do Roacutan

            Olá. Meu nome é Igor Costa Moresca e eu não sou um alcoólatra. Muito pelo contrário, sou um apreciador, um namorador, um profissional em se tratando de bebidas. Sem preconceito, horário ou frescura com absolutamente nenhuma delas, acredito que existe sim o paraíso, e acredito que o harém particular que está reservado para mim certamente tem open bar. Já tive bebidas de todas as cores, de várias idades, de muitos amores, assim como todas as ressacas que eram possíveis de se tirar delas. Mas todo esse amor, essa dedicação e essas dores de cabeça há muito deixaram de fazer parte do meu dia a dia, tudo por uma causa maior. Até mesmo maior do que churrascos de aniversário, camarotes com bebida liberada e brindes à meia noite depois de um dia difícil. Maior do que o meu gosto pelos drinques, coquetéis e chopes, eu optei por mergulhar de cabeça numa tentativa de aprimorar a mim mesmo, em vês de continuar me afogando na mesmisse da minha mela...

A girafa e o chacal

Melhor do que os ensinamentos propostos por pensadores contemporâneos são as metáforas que eles usam para garantir que o que querem dizer seja mesmo absorvido. Não é à toa que, ao conceituar a importância da empatia dentro dos processos de comunicação não violenta, Marshall Rosenberg destacou as figuras da girafa e do chacal . Somos animais com tendências ambivalentes – logo, nada mais coerente do que sermos tratados como tal.  De acordo com Marshall, as girafas possuem o maior coração entre todos os mamíferos terrestre. O tamanho faz jus à sua força, superior 43 vezes a de um ser humano, necessária para bombear sangue por toda a extensão do seu pescoço até a cabeça. Como se sua visão privilegiada do horizonte não fosse evidente o suficiente, o animal é duplamente abençoado pela figura de linguagem: seu olhar é tão profundo quanto seus sentimentos.  Enquanto isso, o chacal opera primordialmente pelos impulsos violentos, julgando constantemente cada aspecto do ambiente ...

Wile E.: o gênio, o mito, o coiote

Aí todo mundo no Facebook mudou o avatar para a imagem de algum desenho e eu não consegui achar mais ninguém, mas depois de um tempo eu resolvi brincar também. O clima de celebração do dia das crianças invadiu as redes sociais de tal maneira que todos nós acabamos tendo vários flashbacks com os desenhos de nossos colegas, dos programas que costumávamos assistir anos atrás quando éramos crianças e decorar o nome dos 150 pokemons era nosso único dever. E para ficar mais interativo, cada um mudou a imagem para um desenho com qual mais se identifica, e quando a minha vez chegou, não tive dúvidas para escolher nenhum outro senão meu ídolo de ontem, de hoje, e de sempre: o senhor Wile E. Coiote. Criado em 1948 como mais um integrante da família Looney Tunes, Wile foi imortalizado pelo apelido e pela fama de fracassado em sua meta de vida: pegar o Papa Léguas. Através de seu suposto intelecto superior e um acesso ilimitado ao arsenal de arapucas fornecidas pela companhia ACME, Wile tento...