Depois de toda tempestade, um arco-íris aparece no céu. Até aí, tem tudo a ver com biologia, ou química, ou pura bichisse – essas coisas. O que eu parei mesmo pra reparar é o tempo que algumas tempestades duram, algumas levam apenas uma tarde, enquanto outras se transformam em dilúvios aparentemente eternos – tipo aquele em que eu me meti enquanto atravessava a Avenida Brasil semana passada (falando nisso, minha calça preferida continua um pouco úmida). E não estou falando simplesmente de trovoadas a céu aberto – viva, subjetivismo!
Morar aqui, andar por aqui, viver aqui está sendo como caminhar meio a uma tempestade – estou constantemente tropeçando em simbólicos buracos nas ruas, cobertos pelas águas, enquanto rezo pela volta do sol. Na minha cabeça, faz mais sentido, mas eu não quero mais guardar essas coisas só pra mim – eventualmente, me afogarei nelas.
Às vezes minha vista embaça e eu não consigo enxergar meu caminho – ou até mesmo a mim, ou quem eu costumava ser. Não consigo deixar de sentir partes da minha personalidade pingarem por meu corpo até atingirem o chão e serem carregadas até o bueiro mais próximo – perdendo-as para a cidade. E a cada passo adiante que dou, sinto mais falta do eu passado.
Está ficando cada vez mais difícil manter a cabeça fora d’água.
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