Ultimamente eu tenho reparado bastante nas doenças que eu possuo, e chamo-as de “doenças” propositalmente no sentido pejorativo. Minhas síndromes são bastante peculiares e malignas: desde minha Compulsão por drama transcrito até a perigosa Apegação emocional instantânea. São bem simples de diagnosticar mas complicadíssimas de se tratar - ou então, era o que eu achava.
Compulsão por Drama Transcrito (CDT) baseia-se na comodidade momentânea que encontro ao digitar minha dor para fora de mim e expô-la ao mundo em forma de arte (ou, tentativa de arte), mas na maioria das vezes o brilho de mártir não é tão reluzente quanto eu esperava. A cura? Ter mais tempo para pensar, porém menos tempo com as mãos sobre um teclado. Um caderno pode até ser usado para absorver tais frases, mas o cansaço natural de meus dedos, perante a rapidez dos meus pensamentos, sobressai-se e cessa este mal.
Mas os verdadeiros danos são causados pela Apegação Emocional Momentânea (AEM?), e se não forem tratados com rapidez e eficácia, podem ser letais à minha saúde. Consiste-se por minha mente fazer planos de matrimônio toda vez que uma garota me dá a mínima moral, até tudo explodir na minha cara e trucidar meu coração. Para remediar, basta romper quaisquer laços afetivos não-correspondidos prejudiciais ao paciente antes que a doença atinja seu estado crítico - dependência e perda das funções motoras essenciais (como passar frente à casa de um antigo amor, mesmo tendo a opção de dar a volta no quarteirão).
Dizem que o melhor modo de superar um vício é substituí-lo por outro, e foi exatamente o que eu fiz. Então troquei cigarros e álcool excessivo por milk-shakes e pastéis de feira, passei a concentrar-me mais no trabalho e na faculdade, e logo veio a luz (mais especificamente a luz do banheiro, local onde costumo ter grande parte de minhas epifianias): morar aqui não é tão difícil, depois que se pega o jeito. De repente recuperei meus monólogos internos, e ao perceber que eu poderia realmente ser feliz aqui, senti minhas doenças lentamente se ocultarem enquanto minha personalidade restaurava-se pouco a pouco e a cada dia mais. E nada de Neosaldina desta vez.
Eu estou ficando muito saudável. Com sorte, logo poderei usar minha camiseta “Farras” de novo.
***
A verdade é que eu ainda espero por Aquele amor, mas retardar gratificação não é a definição de maturidade?
Comentários
Postar um comentário