Tudo que eu queria agora é que existisse alguém para quem eu pudesse fazer a pergunta que só eu posso responder. Eu fiz a coisa certa ao vir para cá? Ao deixar tudo e todos para trás, para começar uma vida nova? Será que eu consigo?
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Um mês depois. A ficha finalmente caiu, e não foi um momento bonito. Imagine só; quem diria que eu, logo eu, me desapegaria não apenas de uma pessoa ou um lugar, mas de uma vida inteira, na esperança de recomeçar e crescer numa cidade sem resquícios emocionais de qualquer tipo. Sem lembranças em cada rua, ou conhecidos em cada quarteirão. E o mais importante: sem complicações amorosas – algo que, ao longo dos anos, tornou-se minha marca registrada.
Só tem um problema; um detalhe que eu escolhi deixar passar em branco, achando que não seria relevante. Por mais que eu tenha evitado, algumas lembranças que eu não queria mais carregar comigo deram um jeito de se infiltrar na minha bagagem, e viajaram comigo até aqui. Eu as afogo durante o dia, mas ressurgem de noite. Não sei por mais quanto tempo manterei tudo isso só pra mim.
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Eu não estou repensando minhas decisões ou considerando retroceder de modo algum. Eu só admiti uma dificuldade, e tudo ficará mais fácil com o tempo.
Só não me pergunte quanto tempo.
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Nós só dissemos “adeus” com palavras.
Igor, vc é poeta!!!
ResponderExcluirAdorei saber que há alguém de meu convívio acadêmico de alma sensível e inteligente!
Parabéns!