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Sobre viver a vida

Quando a vontade de escrever bate, tem que seguir com ela até o final. Sem mais nada de produtivo pra fazer a não ser atualizar o twitter a "less than 5 seconds ago from web" e curtir os flashbacks que só o media player no aleatório pode proporcionar, eu decidi passar pelo Jornal Nacional no mudo para, pela primeira vez na minha vida, pegar uma novela do começo. Afinal, agora não tem mais mãe lá na sala pra me explicar a história quando eu resolver assistir quando saio da minha caverna pra jantar em família.

Da Índia pro Leblon, tudo bem, Manoel Carlos, a gente entende. Helena, claro, a gente entende. Título com subjetividade universal, entendo muito bem. E dessa vez, nove meses depois da Flora ter sido presa, eu não me sinto mal por começar outra novela na segunda assim, depois de um final na sexta. (Só um comentário aleatório; William Bonner fica bem engraçado no mudo, experimente. Ouvindo: The Winner Takes It All - não a versão maníaco-dramática da Meryl Streep, é o ABBA mesmo) É que da última vez, demorou pra que eu deixasse a Flora em paz para aceitar a Juliana Paes indiana e aquele gordo em quem ninguém podia tocar, mas com o tempo eu aprendi a jantar com eles também.

Peraí que eu tenho que tirar do mudo, começou. Por-do-sol, "What the world needs now is love", Búzios 2008. Corta pro monólogo interior da Taís Araújo, num barco. Pelo visto, essa Helena sempre andou descalça e por isso tem os pés no chão, mas deu pra ver na cara da equipe de reportagem entrevistando ela que acharam a frase batida. Ela sonha muito também, mas não delira. Particularmente, não sei como é isso. Parei pra pensar e ela agora pulou num Banana-Boat, com um tema latino que era pra ter tudo a ver, mas não foi. Corta pro morro, - sabe, a parte de cima do Rio - perseguição, sobe e desce de escadas, Tropa de Elite soundtrack, e de volta pra Helena/Taís na praia, de biquini que é pra dar ipobe, e começa a justaposição de imagens porque o diretor acha que é um efeito legal (no mais, serviu pra atacar minha enxaqueca). Agora a gente entende que, enquanto a irmã rica tá de boa em Búzios, a irmã pobre foge da polícia, sem deixar de lado que família é importante e tal.

Corta pra Alinne Moraes, num buggy rosa (É. Um buggy. Rosa), que também é modelo mas não tem cérebro. "Sabia que meu rosto está entre os 20 mais bonitos? Mas não vi seu nome lá!" - "É que eu estou entre as 10, queridinha". As duas param o trânsito, no sentido ruim, e quase são atropeladas quando um cara decide mesmo "passar por cima" delas. Há algumas locações dali, Lília Cabral/Tereza e José Mayer/Marcos discutem num carro, até a mulher bater a cabeça no porta-luvas. Enquanto isso, Danielle Suzuki socorre a irmã pobre da Taís, que despistou a polícia porque a novela é fiel à realidade. Lília Cabral continua a falar mal do ex-marido, da carreira da filha, do restaurante, de Búzios, e do oxigênio que inala enquanto a filha balança a cabeça. Ah, ela odeia carnaval também; isso aí.

Alinne Moraes continua a dirigir com seu buggy rosa pela novela enquanto Mayer observa de longe um grupo de turistas que está visitando a praia, e se perde em devaneios de como logo se casará de novo só para voltar a ouvir as babozeiras de uma mulher no meio da noite, mas uma Letícia Spiller descabelada o interrompe com algo que ninguém presta atenção, pois ela está descabelada. A entrevistadora então decide falar com Helena Taís sobre amor, e esta demonstra desespero, desilusão e esperança tudo numa só expressão (igual quando a Regina Duarte fica feliz e triste ao mesmo tempo). Ao aprofundar-se mais no turbilhão de emoções e frases impulsivas que tomaram sua fala, Mayer aparece no fundo e percebemos que (nossa) estão no mesmo bar - balanceado com imagens de Danielle Suzuki, an, fazendo uma salada.

A equipe de filmagem vai embora e Taís Helena, ou Helena Taís fica pensativa, até ligar para Suzuki, que fala de boca cheia (pois está comendo salada) sobre como está a situação da irmã pobre. Suzuki engole a salada e muda repentinamente de cenários enquanto Taís Helena continua no bar, e pede ao garçom um pedaço de papel e uma caneta para anotar um telefone. Mayer usa a deixa para se aproximar de Helena, e lhe oferece papel e caneta (porque todo mundo tem papel e caneta assim, fácil). Helena comenta com Mayer sobre como é raro um homem andar por aí com caneta à tinta, e Mayer contra-acata com uma cantada tipo "filosofia-da-caneta-que-papai-me-passou" e logo se aproxima dela. Helena agradece e devolve a caneta quando um repórter volta para buscá-la. Antes de sair, Helena agradece novamente pela caneta, e Mayer, em sua última jogada, se despede com "até qualquer outro momento". Mayer agora observa Taís ir embora com o sol batendo na cara, mas a música permite que ele curta o momento. Corta para a abertura, começou a novela.

Por enquanto, tá mais interessante que as peripécias de Maya pela Índia afora. Não me decepcione, Helena Taís.

Obs. Logo após o intervalo, vemos Moraes e Mayer no buggy, e Mayer comenta sobre como é bizarro o veículo rosa vagando pelas areias de Búzios. E agora ela também está de biquini. Me convenceu a continuar.

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