Eu sabia que assistir “Nine” ia me deixar assim.
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Um homem só se conhece de verdade quando perde a razão. Logo, um homem que passa a vida em um surto atrás do outro, se conhece o tempo todo. Quando o mundo real decide cair pesado, ajuda correr de volta para debaixo das cobertas – da onde eu não deveria ter saído – e ter meus artistas favoritos cantando para mim; cantando minha vida.
Com minha saúde mental em ruínas ei decidi que se uma simples gripe poderia ser motivo para ficar em casa, não havia porque não deixar o trabalho no meio do dia para me refugiar em minha cama. E com a vontade de gritar “Ok, mundo real, você ganhou!” entalada na minha garganta, eu achei melhor deixar que meus devaneios musicais me acalmassem antes que eu decidisse nunca mais sair de casa e viver isolado da sociedade lá fora. Porque, pelo menos, meu quarto não é baseado em hipocrisia. E aqui no meu mundo, ainda existe amor. Talvez não tão forte para recomeçar, mas é real. E não me deixa morrer meio a tanta… merda.
Ultimamente eu me acostumei com a idéia de que surtar, além de normal, é bom. Ajuda a parar com a agitação desse mundo louco e perceber que eu ainda existo – e que estou com dificuldade para respirar. Viver fora dos padrões da sociedade é difícil – alguém no meu contexto, por exemplo, jamais pensaria nisto. Ou então, pensaria por um segundo e tentaria esquecer por medo do que as outras pessoas diriam. Eu nunca tive este medo, porque eu sei que as outras pessoas estão tão perdidas quanto eu – a maioria só não sabe disso.
Eu tenho saudade dos meus finais de semana repletos de fazer nada; agora eu dificilmente vejo o sol, ou o céu extremamente azul em dias frios. O que me consola é que o inverno já está querendo chegar por aqui; de algum modo, me encher de blusas para me aquecer ajuda a me sentir vivo.
Às vezes, os lugares em que vivi, as pessoas que conheci – e pelas quais me apaixonei – parecem mais do que memórias distantes, mas ilusões. Ilusões de uma vida feliz que eu abri mão devido a uma fantasia ainda maior: que eu poderia ser mais feliz ainda se saísse porta afora para aprender exatamente como o mundo é grande, e como eu sou tão insignificante e ao mesmo tempo tão único. Ou isso, ou tem uma camisa de força com meu nome me esperando em algum lugar.
Estranho como a vida pode ser tão sutíl a ponto de ter pais e filhos com sonhos diferentes e desviar ambos sem tornar nenhuma de suas crenças realidade. A não ser que isto seja apenas o começo, e o melhor ainda esteja por vir. Que isto sirva de lição; se não se sentir pronto para enfrentar o mundo real, não saia de casa. Mas em caso de emergência, sinta-se livre para se esconder debaixo das cobertas até tudo fazer sentido de novo.
Música de Hoje: Tears Dry On Their Own – Amy Winehouse
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De agora em diante, tomo notas dessas coisas pra não me perder mais.
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