Mesmo com a temperatura insistindo em abaixar nos últimos dias eu ainda saio de casa de manhã sem blusa, porque não quero me decepcionar de novo. Estou esperando pelo próximo inverno desde quando minha semi-pneumonia do ano passado venceu, mas toda vez que o clima descia um grau e eu procurava um moletom ele acabava nas minhas mãos e não em minhas costas.
O melhor do inverno é que nossa dor fica menos visível; dá pra explicar uma lágrima como sendo culpa do vento. O frio eleva os sentidos à flor da pele, nos faz sentir vivos como nunca, e também traz à tona nossas memórias mais bem guardadas no coração. Verão é tempo de aventuras novas, mas Inverno é para nostalgias.
Mas algo mudou este ano, e o responsável é o Verão passado. Ao mesmo tempo que sinto todo o amor que já expus por aí de volta, não sinto nada. Meu coração é de todos, e de ninguém. Às vezes, nem mesmo meu. Estranho, mas ninguém consegue perceber além de mim. Afinal, este coração agora está escondido meio a blusas e mais blusas. Ninguém o vê bater, ninguém o vê morrer. Pelo menos não sou o único a sentir frio; esta é a beleza do inverno.
Música do Dia: Somewhere Down the Road – Barry Manilow.
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