Eu estava assistindo a uma entrevista na televisão com o mestre Luis Fernando Verissimo, onde só se ouvia a voz do entrevistador e só se via o Luis Fernando respondendo às perguntas fazendo que sim e que não com a cabeça. Honestamente sou um imenso fã enrustido do Luis Fernando, em parte por não conhecer toda a sua obra, mas por ser grato a ele por ter me ensinado a ler, e consequentemente a escrever.
Dizem que os que menos falam são os que mais sabem e, somado com o fato de que até assistir a esta entrevista eu sequer conhecia a voz do Luis Fernando, apesar do narcisismo que isto possa implicar, eu me sinto tão mais sábio do que algumas pessoas que insistem em enunciar besteiras em voz alta. Logo cabe a nós, com nossos ouvidos danificados, expressar nossa indignação do único modo que sabemos: através de papel, caneta, borracha e sinais de pontuação – que por sua vez conseguem ser mais eficazes do que qualquer tímbre de voz erroneamente utilizado. O Érico, pai do Luis Fernando, também foi entrevistado porém sua voz já me era familiar, mas acho que toda regra deve ter sua exceção – e quem melhor do que o pai do Luis Fernando para ser a exceção da sua regra? Luis Fernando estava de braços cruzados e com um semi-sorriso controlado no rosto que demonstrava prazer apenas por estar ali ouvindo – imagino eu, ansioso para chegar em casa e transcrever tudo.
Eu espero que ele não leia isto. Tudo menos aquele olhar de desaprovação, e uma crônica de humor negro sobre mim.
Ao som de: Time is Tight – Booker T. & The MG’s.
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