Se dizemos que há o mundo real é porque paralelo a ele existe o nosso próprio mundo; às vezes apenas recluso, às vezes secreto, e às vezes até mesmo imaginário. Por encontrar-me constantemente caminhando sobre a linha tênue que separa a lucidez da loucura, o perigo de perder o equilíbrio finalmente veio a mim. Minhas neuroses parecem tão inocentes, imagine perder o controle sobre elas, e eventualmente perder toda a autonomia sobre mim mesmo.
Só de pensar que já cheguei tão perto de cruzar a linha me faz arrepiar, ao questionar o que há de tão bom no mundo real. Poderia me perder dentro do meu próprio mundo imaginário ou pior, poderia tentar ao máximo torná-lo real, e ver o mundo lá fora como a verdadeira ilusão. Afinal de contas, com todo o mal que existe, por que não prender-me às minhas alucinações? Qual é o mal de acreditar em algo que não existe? Isto é, enquanto você souber que não existe tudo bem, mas é uma linha tão fácil de cruzar que podemos até mesmo já tê-la atravessado com um dos pés, sem nem saber disso.
O que estou tentando dizer é que pela primeira vez estou dando graças à minha lucidez, à minha mente brilhante e semi-intacta que permanece intocada pela loucura, por mais incrível que pareça. Abri mão do meu mundo imaginário por medo de perder-me meio a ele e não saber mais voltar; ou, não querer mais voltar. De agora em diante, não quero nada a não ser a realidade e nunca mais ter o medo de olhar as pessoas ao redor e sentir vontade de perguntar se existem de verdade. Dessa vez eu sei que é real.
Ao som de: Crazy – Patsy Cline.
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