Em “Nine”, Luisa (Marion Cotillard) direciona uma fala à seu marido Guido (Daniel Day-Lewis) que resume em poucas palavras sua crise existencial, e consequentemente sua essência; “Obrigada por mostrar a mim que não sou especial. Você não passa de um apetite, e se um dia você deixar de querer, você morrerá. Você toma tudo para si, e agora eu estou vazia”. O problema em nutrir expectativas é que quanto mais forem elevadas, menores são as chances de atingí-las. Algumas pessoas se resumem a uma vontade constante, uma busca por algo a mais; além da felicidade, melhor do que o amor, algo que complete o vazio existente em seus corações… Algo que nem sabem o que é. Pessoas que esperam por tudo e acabam sem nada. Pessoas como eu.
E então existem certas pessoas que são como peças de um quebra-cabelça, cujo maior sonho é um dia encaixar-se perfeitamente com outra pessoa – e este breve momento do encaixe é o que chamam de felicidade. Mas de nada adiante montar a imagem dos sonhos com outra pessoa se, no fim do dia, daremos um passo para trás para contemplarmos o que realizamos e apenas diremos, “É só isso?”.
São pessoas que vivem em lutos constantes, sempre querendo mais e nunca satisfeitas. E como chamamos estas almas torturadas que vagam incansávelmente à procura da felicdade além da felicidade? São os jovens, que só se dão conta de tudo que possuem quando perdem, e é uma lição que aprendem muitas vezes; descobrir que “só isso” na verdade é “tudo isso”. Mas isto faz parte da sabedoria que vem com a idade, e o tempo se encarrega.
No fim de “Nine”, Guido finalmente perde tudo que tinha e se vê forçado a começar de novo, fazendo renascer a esperança nos olhos de sua ex-esposa - e a arte imita a vida até finalmente aprendermos a lição. Deve ser normal ficar tonto às vezes, já que esse mundo nunca para de girar.
Ao som de: Is That All There Is? – Peggy Lee.
"Deve ser normal ficar tonto às vezes, já que esse mundo nunca para de girar." ótimo!
ResponderExcluir