(Quase) Dezenove anos depois. Estranhamente, me sinto mais jovem do que quando completei dezoito anos, e nem fiquei com medo de morrer dessa vez. E existem tantas coisas pra fazer ainda que não sei por onde começar, assim como existem tantas coisas que deixei para trás enquanto me preocupava em crescer e realizar meu sonho de criança; o de ficar acordado até tarde assistindo desenhos sem pai ou mãe me mandando pra cama porque amanhã de manhã tem aula.
Desenhos fizeram grande parte da minha vida quando criança; eu os rabiscava em meus cadernos, os assistia religiosamente enquanto grifava na revista da televisão à cabo quais eu simplesmente não podia perder, e foram minha maior fonte de fantasia, inspiração e esperança. Tudo o que deixei para trás porque um dia desconfiei que nada mais era interessante em comparação com a promessa de encontrar o amor, e abandonei meus personagens favoritos em uma caixa de brinquedos que insisto em carregar comigo mudança após mudança, e guardei minhas artes antigas no fundo do armário onde ninguém mais as apreciariam. E para que? Para crescer, me tornar livre, e ficar acordado até tarde vendo desenhos.
Ontem eu estava fazendo exatamente isso; me deliciando com flashbacks da minha infância com desenhos antigos que fizeram tanta parte da minha vida, hoje uma outra vida passada, e sobre quais não me lembrava há anos. Acho que é isso o que acontece quando crescemos; nossa inocência fica para trás e abre espaço para o mundo real. Talvez seja por isso que tantos são desesperados para se agarrarem à sua juventude, assim como existem aqueles como eu que nunca deixam a criança dentro de si morrer, eternamente jovens.
Ao som de: When I Grow Up – The Pussycat Dolls.
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