Quando eu tinha 17 anos, o mundo era outro. Quer dizer, já estava perdido, mas as coisas não pareciam tão escancaradas como são hoje. Éramos menos precoces e - me atrevo a dizer - mais felizes vivendo na inocência e na simplicidade dos relacionamentos; quando amizades realmente significavam alguma coisa e namoros não se baseavam apenas na mudança de status do Orkut. A sexualidade, então, nem se compara; da onde eu vim, sexo era a fronteira final que duas pessoas poderiam cruzar em um relacionamento para atingir a verdadeira intimidade de uma vida a dois, e era tratado como tal. Mas como é da cultura, as coisas aqui no Oeste não só são totalmente diferentes, como tratam este tipo de visão com severo julgamento e, como era de se esperar, as conclusões precipitadas tomam o lugar do que a pessoa realmente é. Mas como eu disse, o meu mundo era outro.
As mulheres nos viam como seres imaturos, inadimplentes e levemente imbecis porque não tinhamos idade suficiente para beber, dirigir ou praticar o amor no sentido bíblico; em ves disso, voltavam sua atenção para eles, os caras da casa dos 18 - 30 anos, completos com seus carrões com bancos traseiros especialmente feitos para transas, lábias extremamente afiadas e algo que era apenas referido como "a pegada" que, por algum motivo, chegava a ser quase tão importante quanto o carro. Eles tinham a vantagem, a moral que nós jamais sonhávamos possuir um dia, e sabiam disso. Por isto buzinavam para nós quando passavam acelerados e cheios de mulheres no carro, enquanto andávamos a pé até o bar mais próximo e planejávamos que o que parecesse mais velho entre nós tentasse entrar para comprar cerveja, somente para ser enxotado e obrigado a recolher sua menoridade para fora do estabelecimento.
Só que mesmo no auge da nossa decadência sexual, ainda conseguiamos encontrar outras formas de divertimento ao tentar conquistar mulheres do mesmo modo que exércitos desbravam territórios inimigos; lentamente e esperançosamente, e sempre determinados a levantar a bandeira branca e perder a vergonhosa virgindade que, sem dúvida, era a marca registrada da nossa geração. E quando gastavamos todos os argumentos possíveis, alguns de nós se voltavam para o modo mais arcáico e procuravam profissionais para roubar-lhes a temida virgindade que jamais admitíamos, mas que todos sabiam que fazia parte de nós - do contrário, não estariamos ali, enquanto a senhorita nos exige pagamento à vista.
Alguns anos depois, o mundo mudou de novo. O que nos era negado passa a perder a graça, aprendemos a dirigir sem rumo por ai, a beber sem a mesma sede de antes, e a transar sem o sentimento de estar cometendo algo proibído - e na maioria das vezes, sem sentimento algum. Mas o que começou a acontecer agora, enfurece tanto ao meu sangue como ao dos meus companheiros de guerra nascidos em 91; as mulheres resolveram se voltar aos garotos de 17, logo agora que adquirimos poder de levá-las legalmente ao motel. Só que os garotos de 17 de hoje não são nada como nós fomos um dia; são atrevidos, audaciosos e elaboram esquemas com a mesma facilidade e a mesma frequência que nós costumavamos ter quando nos trancavamos no banheiro para aqueles banhos de quarenta minutos.
O mundo mudou, girou e nos levou exatamente de volta para onde começamos, mas o inimigo agora é outro. O que os garotos de 17 tem que nós, cachorros velhos, não temos? O atrativo da preocidade, o sentimento de proibição, e a mesma ingenuidade que um dia nos custava tantos amassos, agora lhes favorecem. O vento passou a sobrar em seu favor, enquanto nós nos encontramos em guerra com nós mesmos, de uma época passada, mas que definitivamente ainda tem muito a aprender. Não que algum de nós um dia realmente tenha uma noção clara do que as mulheres querem, mas parece que parte do segredo está em se fazer de bobo e deixar que elas mostrem o caminho.- se não o da suas camas, quem sabe o dos seus corações.
A camisinha que carregamos conosco não é apenas uma camisinha; é um resquício de otimismo e uma luz de esperança que nos leva adiante - lubrificadas especialmente para o meu, o seu, o nosso prazer, baby.
Ao som de: Fuck You! - Cee Lo Green.
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