Dizem que é preciso anos para que se possa verdadeiramente chamar alguém de amigo, mas o conceito de amizade varia de acordo com o contexto em que acontece. Na faculdade, por exemplo, pode demorar de um a cinco anos, ou então pode acontecer instantaneamente. Ao me deparar com meus convites imaginários para minha formatura, tenho um pouco de medo de tentar contá-los e descobrir que não tenho vinte amigos para convidar para presenciar um dos momentos mais importantes da minha vida; pelo menos, não em Cascavel.
Eu costumava preservar uma teoria de que colegas só se tornam realmente amigos após uma briga; aquele momento de choque de ideias e opiniões onde é colocado a prova exatamente o quanto preferem defender seus ideais ao contrário de passarem aulas conversando e rindo de besteiras cujas quais ambos, na maior das coincidências, acham engraçado. O prazo para uma briga entre amigos durar é diretamente proporcional à proximidade que tinham antes de entrarem em conflito, e a cada dia que passa é possível sentir o quanto a pessoa é importante ou não na sua vida. Mas e quando nenhum dos dois quer dar o braço a torcer e admitir que errou? Até que ponto estamos brigando com outra pessoa até passarmos a brigar com nós mesmos?
Existem dois tipos de amigos; aqueles que nunca deixam um impasse de ideias tornar-se um impasse entre eles e nada realmente evolui para uma briga, e aqueles que são mais do que amigos, e sim companheiros de guerras que já lutaram por anos para defender seus pontos de vista, até amadurecerem o bastante para perceberem que não há briga que justifique ficar sozinho em casa quando poderiam estar juntos se divertindo. Em Londrina, talvez a maioria dos meus amigos sejam do segundo tipo; temos histórias o suficiente para escrever bons volumes de livros sobre nossas próprias guerras e de como superamos tudo para nos revermos conforme eu os visito esporadicamente em nossos velhos campos de batalha.
Talvez não tenha uma regra geral ou qualquer outro fator para definir o que torna duas pessoas em amigos; talvez seja apenas algo que acontece após certo tempo e que só é provado conforme as brigas acontecem e terminam. Às vezes é preciso ficar quieto e deixar que o outro grite e se irrite sozinho, e se algum tempo depois ele voltar podemos fazer com que tudo fique bem de novo. A verdade é que nem todas as amizades suportam o calor de uma briga, e ao se desfazerem é exposto o quanto seu laço não era tudo o que se esperava para começar. Mas para os verdadeiros amigos não há nada como uma boa briga para mostrar o quanto se importam, especialmente quando brigam por quererem o bem um do outro.
Ao som de: Hot n' Cold - Katy Perry.
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