Dor é o sentimento mais fundamental do ser humano; é o que nos faz perceber que estamos vivos mesmo quando as coisas estão difíceis e a luz no fim do túnel parece inalcançável demais até mesmo para ser vista. Somos criados para acreditar que não há qualquer sinal de amadurecimento sem dor, mas até quando vão as dores do crescimento e como saber quando as dores reais começam a torturar nossas almas? Somos todos sadomasoquistas disfarçados que não conseguem mais definir nossos limites, ou toda forma de dor na verdade vem para o bem? Como saber até quando aguentaremos ser feridos?
Dizem que amor, amor mesmo, não existe sem dor; como se toda pessoa apaixonada caminhasse sobre uma linha tênue onde cada alfinetada vai direto para o nosso coração, e ao mesmo tempo nos atrai cada vez mais a continuar caminhando. Sadomasoquistas são conhecidos por sentirem atração por dor, mas qual a real diferença entre eles e nós, que nos sentimos constantemente atraidos pelas pessoas erradas, mas ainda assim somos incapazes de deixar de desejá-las? Seria porque eles expõe seus fetiches para o mundo enquanto nós optamos por sofrer em segredo? E até quando conseguimos sofrer em segredo, mesmo quando o mundo percebe que é o outro quem possui o chicote, mas somos nós quem nos amarramos a eles para uma nova surra.
Desilusões amorosas talvez sejam a maior forma de uma pessoa sentir dor e ao mesmo tempo se sentir atraída por ela; mesmo quando dizemos que não aguentamos mais, de algum modo ainda sonhamos em voltar para os braços da pessoa que nos deixou caídos no chão e ainda caminhou sobre nós sem remorso ou compaixão. Eu ainda vou dormir pensando em você, mas leva horas para que as lembranças parem de me assombrar e eu realmente caia no sono. Imagino o que diria se nos víssemos de novo, mas não nos sobraram mais palavras; já dissemos todas.
Eu sabia que esse era o nosso fim, mas será que eu realmente te amei ou estava apenas viciado na dor? A dor maravilhosa de querer alguém tão inatingível. Eu queria voltar para você mas me sinto incapaz te tentar te alcançar; como se meu corpo estivesse me impedindo de chegar perto de você e mostrasse enfim qual é o meu limite. Assim, eu me despedi de você. Eu estava livre, mas não havia nada de maravilhoso nisso.
Ao som de: Anna - Gunnar Madsen.
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