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Nem tudo que reluz...

Aparências são, em parte, uma das forças que movem o mundo. São o que nos atraem a outras pessoas, e o que nos motiva a nos mostrarmos sempre apresentáveis a elas. Mas é como dizem, nem tudo que reluz é ouro, e as aparências podem deixar a desejar. Nem sempre aquilo que as pessoas aparentam ser traduz fielmente quem são. Por trás de um sorriso pode haver lágrimas encobertas, e por trás de uma raiva inexplicável pode estar um coração partido com medo de rever a luz do sol. Mesmo assim, o brilho de certas pessoas ainda continua a nos atrair a ponto de nos tornar cegos às suas falhas, e nos piores casos, às nossas qualidades também quando nosso tesouro não responde às nossas expectativas. Eu tento ao máximo ser leal a mim mesmo e verdadeiro com o que sinto ou o que deixo de sentir, até mesmo porque sinto que já cheguei a um ponto em que meu organismo não consegue dar conta de encobrir emoções somente para não demonstrar que está ferido, chegando a tal ponto em que eventualmente preciso chorar, ou conversar excessivamente sobre o que está me afligindo, ou então transcrever minha agonia até me libertar completamente dela, e transformá-la em uma espécie de riqueza legível aos olhos dos meus leitores.

Depois de dois anos de viver sob condições críticas, eu finalmente havia conseguido o impossível em Cascavel: ser feliz, ou ao menos era o que parecia. Eu tinha um emprego satisfatório, cursava a faculdade dos meus sonhos, e havia acabado de me mudar para um apartamento melhor, com direito à minha própria suíte e sacada com vista para o céu azul desta parte do Oeste do Paraná. Então se tudo parecia perfeito, por que eu ainda estava agoniado? Ao sentar-me na mesa para um espetacular café da manhã que havia construído para mim em uma ensolarada manhã de uma segunda-feira deliciosamente preguiçosa, eu percebi que tudo o que eu possuía perdia foco para a falta do brilho de outra pessoa para sentar-se comigo, e não havia nada que eu poderia fazer para negar isto. Ao tomar meu café na sacada e observando o céu azul, não pude deixar de ainda desejar alguém com quem eu poderia compartilhar tudo o que eu já havia conquistado em Cascavel; não para dar sentido às minhas vitórias, mas porque de nada adianta ser feliz se não houver alguém ao seu lado para sorrir com você.

Mas apesar do que eu ainda sinto que está faltando em minha vida, um sorriso estampou meu rosto e minhas esperanças renovaram-se; não porque minha vida parecia perfeita, mas porque eu continuava aparentemente neurótico apesar da minha nova vista. Meu nome é Igor Costa Moresca e eu sou uma bagunça, e eu nunca fingirei ser menos do que isto.

Ao som de: All Star – Smash Mouth.

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