Tudo começou com a Paula Fernandes. Na verdade foi por causa de outra mulher, mas eu gosto de pensar que foi a Paula Fernandes mesmo. Depois de escutar suas músicas inúmeras vezes ao longo do dia durante o expediente, e dia após dia por muito tempo, foi no meio de uma depressão de sábado à noite que eu me peguei relembrando alguns versos e decidi baixar a música inteira para que ela tocasse fora da minha cabeça. Mas a música me fez lembrar de alguns versos de outra canção, e lá fui eu caçar mais uma melodia, algo que rapidamente se tornou repetitivo e que eu só me dei conta depois de acidentalmente compor uma lista de reprodução inteira que não só levantou meu ânimo como também encheu o apartamento de vida e alegria de um modo que eu ainda não havia visto desde que me mudara para cá.
Quando a própria Paula começou a ficar repetitiva demais e nem mesmo no trabalho eu parava para ouvi-la cantar – típico de mim, assim como de qualquer homem eu acho, enjoar da mesma mulher depois de um tempo – outras melodias passaram a ecoar em meus pensamentos; melodias que eu jamais esperava decorar. Para ser honesto eu nunca me vi e até mesmo agora não consigo me ver direito como alguém capaz de dizer a uma mulher, "E aí, vamo mexê?", ou então, "Hoje vai rolar o tche tchererê tche tche!", mas era tarde demais para voltar atrás ou negar: eu estava ouvindo sertanejo universitário e digo mais; eu estava gostando.
Por mais estranho que parecesse acordar ao som de quinze duplas sertanejas diferentes, a surpresa maior foi não me sentir estranho em nada. E quanto mais eu me aprofundava no mundo do sertanejo universitário, mais eu percebi o quanto não eram apenas meu repertório internacional que era capaz de traduzir tudo aquilo que eu sentia mas não sabia colocar em palavras; os sertanejos não só me mostraram o quanto eram semelhantes a mim ao cantarem sobre como "se eu enlouquecer a culpa é sua!", "você só pensa em vingança e a sua segurança é dominar!" e "você tá sofrendo, eu aposto que ainda não me esqueceu!" como eu nem precisava traduzir nada para escutar e concordar.
De repente todas as coisas que meus amigos e colegas costumavam me dizer sobre me divertir mais, "ficar" e curtir uma cerveja ao fim do dia finalmente fizeram sentido, e ainda me fez pensar que, se até mesmo eu estava sendo levado pelas músicas das mais variadas duplas (que, por sinal, parecem mesmo todas iguais), isto só poderia provar uma coisa: eu definitivamente não sei o que será de mim amanhã. E então, eu decidi aproveitar um dia de cada vez sem me preocupar com o que farei no dia de amanhã; hoje eu quero mais é que role o "tche tchererê tche tche" e sei que minha consciência vai me deixar dormir bem agora. E quanto ao amanhã, bom... Amanhã, sei lá.
***
Enquanto meu caso com a Paula continua, aqui vai a trilha sonora (internacional) de Agosto, 2011:
Volume I
01. Blue Skies – Ella Fitzgerald
04. The Way We Were – Barbra Streisand
06. Best Friends – Amy Winehouse
07. Who's That Chick – David Guetta feat. Rihanna
08. It Takes Two – Rod Stewart & Tina Turner
09. Memories – David Guetta feat. Kid Cudi
11. A Man for All Seasons – Robbie Williams
12. I Guess I Loved You – Lara Fabian
Volume II
01. Tell Me What We're Gonna Do Now – Joss Stone
02. Some Kind of Wonderful – Michael Bublé
03. Umbrella – Rihanna feat. Jay-Z
04. All the Lovers – Kylie Minogue
06. Vamos a Bailar – Gypsy Kings
07. California King Bed – Rihanna
08. Gives You Hell – The All-American Rejects
09. Running Out of Time – LeAnn Rimes
11. Open Your Eyes – Snow Patrol
12. The Sun is Coming Out – Chanson Du Solei
Bonus Track: Não Precisa – Paula Fernandes.
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