Eu estava caminhando pelas ruas frias de Cascavel ao amanhecer de uma segunda-feira com nada na cabeça a não ser as músicas estouravam meus fones de ouvido e meus pensamentos sem sentido quando algo a mais me veio em mente. Talvez Cascavel não fosse tudo aquilo que eu imaginei que seria, mas não posso negar que eu e a cidade tivemos bons momentos. Olhando em retrospectiva, eu consegui aqui muito mais do que eu poderia esperar dessa experiência: um emprego, uma faculdade, um apartamento, outra faculdade, um apartamento maior, uma série de relacionamentos disfuncionais que no mínimo serviram para me ensinar lições valiosas como "não se apaixone por uma lésbica", "não se apaixone por alguém que já tem alguém" ou até mesmo "não iluda alguém por quem você não tem intenção de se apaixonar", e várias amizades fortes o bastante para suportar toda a insensatez e inconstância que eu já fui capaz de ter em meros três anos de luta na "cidade do dedão gigante".
Mas apesar das minhas conquistas, parte de mim vive em frustração por ainda não ter conseguido atingir o sonho que me guiou até aqui: encontrar uma mulher que aos poucos revelaria ser um grande amor que - por que não? - duraria pelo resto da vida. Acontece... Não acontece? Pelo menos eu acho que já vi acontecer uma vez ou outra, mas talvez tenha sido em outro lugar. A partir disso, acho que posso concluir que as coisas acontecem mesmo quando devem acontecer, quando a vida decide que a hora chegou e nos empurra em encontro a novos desafios, novas oportunidades, e novos momentos em que descobrimos exatamente o quanto sabemos pouco sobre nós e o quanto nossos planos são frágeis e capazes de mudarem a qualquer instante. Me fez pensar também no que poderia ter acontecido se além de tudo, eu também já tivesse encontrado o amor que eu pensava que estava em Cascavel; será que eu saberia como lidar? Saberia como me comportar, e como adicionar as emoções e as loucuras de outra pessoa às minhas e mesmo assim encontrar equilíbrio nesta bagunça inexplicável, surpreendente e com resultados sempre inesperados que chamamos de vida?
Quanto mais eu andava, mais as coisas pareciam fazer sentido. Todas as escolhas que fiz acabaram por me levar a fins completamente diferentes, mas que sempre provaram ter acontecido para o meu bem, e nunca me fizeram pensar na alternativa; nos outros caminhos que eu poderia ter percorrido, porque a estrada pela qual ando hoje me levou a ser mais feliz do que eu planejava. Então é verdade; eu ainda não estou pronto. Isso não vai me impedir de continuar acreditando ou querendo alguém para amar, mas ajuda a me acalmar quando eu voltar para casa e ainda não encontrar ninguém lá para me receber com os braços abertos. Tudo que me resta por enquanto é voltar para casa por mim, e cuidar desse eu tão inquieto e desesperado para ter tudo que ainda não tem enquanto a hora certa não chega. Amor é a melhor coisa que eu nunca tive, e de certo modo eu sou grato por isso. Obrigado, vida.
Ao som de: Best Thing I Never Had - Beyoncé.
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