Eu admito que a maioria dos meus sonhos ao longo dos anos foram um pouco surreais - para não dizer, ridículos - como, por exemplo, tirar uma foto com a gostosa da classe, conseguir caminhar a distância entre Londrina e Cascavel, ou encontrar o amor da minha vida. Mas nem todos os meus sonhos são anormais, e a prova disso é o meu desejo incansável de me tornar um escritor como ele, o homem, o mito, o cronista Luis Fernando Veríssimo.
Eu tenho uma amiga que me diz que eu preciso ler mais e até sugere outros nomes, mas apesar da sutileza dos períodos da Clarice, ou da veracidade dos pensamentos do Caio Fernando, a genialidade das pontuações do Arnaldo, as verdades afiadas da Lya, ou até mesmo da grandiosidade do pai Érico, o Luis Fernando continua sendo o meu ídolo e a fonte de toda a minha inspiração, para não dizer também da minha constante tentativa de aperfeiçoamento da fineza da minha ironia gráfica e a sutileza do meu sarcasmo transcrito nas palavras que retiro da minha alma a cada vez que sinto que tenho algo a dizer - não importando se faz sentido ou não - e trago aos olhos de vocês com a silenciosa esperança de que alguém um dia leia e pense, "Eu vou casar com esse homem!", ou quem sabe, "Eu preciso publicar essas obras primas!". Pode acontecer, sabe.
Tudo começou há alguns anos, no início da minha confusão pré-adolescente, quando meu pai me levou à uma livraria com a seguinte missão: você precisa ler mais, filho, nem que seja pra passar menos tempo na frente daquele maldito computador (vamos ignorar a ironia do destino um instante pelo bem da história). E assim saímos em busca de algo que atraísse minha jovem mente, até que um título me chamou a atenção mais do que todas as outras obras que nos cercavam - era um clássico do Veríssimo, "Comédias para se ler na escola", que eu realmente comprei com o objetivo de ler mesmo na escola. Mas enquanto eu voltava para casa, minha ansiedade me fez folhear algumas páginas e parágrafos do livro e, antes que eu me desse conta do que estava fazendo, já estava na metade do livro quando cheguei em casa. Naquele mesmo dia, aproximadamente trinta minutos depois, eu havia terminado o livro e mal podia esperar para comprar outro, mas daquele mesmo autor. Isso deve ter acontecido quando eu tinha uns 13 ou 14 anos, e é algo que continua a dominar meu acervo literário particular. Livros? Os dos outros eu posso ler por aí, mas pra guardar e reler só mesmo do Veríssimo.
Foi com os livros do Luis Fernando que eu aprendi a ler por prazer e, com isso, a escrever por prazer também. E assim como durante os meus 13 ou 14 anos, quando eu menos esperava, aqui estou eu: ainda inspirado com o legado do melhor autor brasileiro que eu já conheci, que me motiva a ainda tentar ser o segundo melhor. Mas só para lembrar, meus amigos; o Natal já está aí e tem um livro novo do Veríssimo já à venda nas livrarias. Fica a dica.
Ao som de: You're Nobody 'Till Somebody Loves You – Dean Martin.
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