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Os arrependimentos certos


Dois anos atrás, eu costumava escrever muito sobre sonhos. Sonhos, planos, esperanças, amores não correspondidos cujos quais eu ainda gostaria que se tornassem realidade, dentre outras mil coisas que eu costumava dizer que queria muito, mas pra dizer a verdade nunca dei sequer um passo adiante para correr atrás. O que é curioso porque, há dois anos, eu costumava escrever muito também sobre arrependimentos e como a vida poderia ser melhor com eles se você se arriscasse mais, porque é melhor contar histórias do que frustrações.
Dois anos atrás, eu era pura teoria. Não que hoje eu seja uma pessoa muito diferente, mas ao menos eu tenho uma história ou outra para compartilhar em uma mesa de bar ou uma conversa entre amigos encostados em algum corredor. O que me separava da vida há dois anos era o medo de tentar. E o que me separa da vida hoje? Ter tentado demais, enquanto só o que restou foi um gosto amargo na boca e uma leve paranoia acerca das intenções dos outros que se aproximam demais sem que eu entenda exatamente o porquê.
Porque a verdade é que entre tantas saídas, apresentações, descobertas e reviravoltas, a gente cansa e fica com um pé atrás quando alguém nos convida para tentar algo novo... De novo. E com isso o medo reaparece e toma conta novamente do seu antigo lugar, enquanto nos impede de sair do nosso. Mas eu cansei de estar cansado, e tenho medo de continuar tendo medo.
Por isso eu decidi que desta vez, dois anos depois, as coisas vão ser diferentes. Admito que perdi muitos planos e sonhos pelo caminho, mas o básico continua comigo; aquelas histórias sobre como não devemos deixar de acreditar em nós mesmos, que quando dói a ponto de morrer a gente sobrevive, que toda a felicidade que desejo está a cem lágrimas de distância... Eu ainda sou eu, só um pouco mais machucado, porém disposto a ressuscitar aquela essência que sempre me ajudou a levantar e não desistir de tudo que eu sempre quis desta vida.
O que passou, passou. E de agora em diante, o que der errado será motivo de risadas e não só tragédias descritas em um pedaço virtual da minha alma que exponho aqui para me sentir mais leve e menos sozinho. E chega de tratar tudo isso como uma roleta-russa; o segredo da vida é arriscar sim, mas saber também até onde você aguenta ir, e em quais momentos você vai precisar de ajuda. Ainda levarei muitas histórias para minhas mesas de bar, mas sempre com um sorriso no rosto. Porque quando eu as compartilhar com vocês, saberei de coração que foram os arrependimentos certos.

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