Minha
vida é engraçada. Na verdade, eu não sei se é só a minha vida
que é cheia dessas ironias, diálogos inesperados, momentos definitivos que
fogem dos lugares-comuns que assistimos nos filmes, pessoas incríveis capazes
de esgotar a minha paciência e reacender minhas esperanças num piscar de
olhos... Talvez não seja só comigo, eu espero que não. Enfim, de todo modo, o
que posso dizer com certeza é que a minha vida é engraçada e eu agradeço por
isso, mas o crédito vai mesmo para o tempo e as pessoas que não me deixam
desistir dia após dia, que sentam comigo na sacada de casa para tererés,
cappuccinos e lamúrias existenciais, ou que conversam comigo durante as horas
mais impróprias, como durante a aula ou através de mensagens de texto enquanto
estou trabalhando ou solto aleatoriamente pelas ruas e os sinaleiros de
Cascavel...
Quando eu digo que minha vida é engraçada, é
porque até mesmo depois do dia mais cansativo do mundo, de toda a pressão, dos
prazos, dos compromissos, das tarefas, da louça suja, da casa desarrumada, da
roupa pra passar, da barba pra fazer, da cama pra arrumar, do TCC pra escrever,
da apresentação em PowerPoint pra editar e das conversas no Facebook para
colocar em dia, eu ainda consigo perceber exatamente o quanto eu sou feliz por
tudo isso. Desde os infortúnios até os superfulos, a vida não seria a mesma sem
eles. E o tempo, claro, que tem sido sempre exemplar em sua arte de provar que
sabe melhor do que a gente, o que é melhor pra gente. E que tudo tem a sua hora
e lugar, e que se você aguentar tudo isso por mais um dia, você pode ver aquele
sonho empoeirado que deixou esquecido no fundo da sua mente subitamente ganhar
vida, e te fazer perceber porque ela não poderia ter aparecido antes... Não era
ela, nem a roupa pra passar que acumulou desde a semana passada, nem o TCC que
você finge que não precisa escrever, nem nada... Era eu quem simplesmente não
estava pronto.
Não que eu esteja pronto para ser feliz para
sempre agora, nem nunca por sinal. Mas eu gosto de pensar que hoje, aqui e
agora, eu consigo lidar com o árduo desafio de me permitir ser feliz, sem me
preocupar muito com o que pode acontecer amanhã. Quem é você e o que aconteceu
com o Igor? Nada aconteceu... Talvez o Igor temporário, aquele que se perdia em
neuroses e questionamentos infames, simplesmente cresceu com o tempo, parou com
as ladainhas e começou a escutar mais as pessoas que sempre desejaram o seu
bem, e aprendeu com isso... Senhoras e senhores; conheçam o Igor permanente.
Muito prazer.
É incrível o quanto a vida – a minha vida,
pelo menos – tem essa mania de altos e baixos, tudo ou nada, grandes e pequenos
momentos decisivos, que fazem toda a diferença e sem os quais eu não seria
capaz de ser quem eu sou hoje – que, diga-se de passagem, eu gosto de pensar
que é uma pessoa bem incrível também. E eu devo isso, tudo isso, ao tempo e às
minhas pessoas – todas as pessoas que já encontrei, conheci, comovi, emocionei
ou até mesmo esbarrei por aí. Foram vocês e o tempo que passamos juntos, e o
tempo que passei sozinho depois tentando decifrar o que todas essas coisas que
nós dissemos enquanto filosofávamos sobre nada, mas sempre tentando querer
dizer tudo, realmente significavam. Foi com vocês que eu consegui as coisas
mais importantes da minha vida hoje: minha casa, minha família adotiva que
construí para sobreviver em Cascavel (que eu, solenemente, chamo de amigos),
minha sacada, minha saúde, o otimismo e a perseverança que eu pensei que havia
perdido para sempre, minhas músicas, e até mesmo o amor que eu sempre quis e
que – quem diria – realmente existia. E P.S. Ela é linda.
Então, esse sou eu. Alguns anos percorrendo
esse caminho torto e incerto, mas que de algum modo faz sentido e que eu não
trocaria nenhuma curva feita por nada. Foi o meu jeito que me trouxe até aqui,
e é ele que vai garantir a minha felicidade permanente também. É... Minha vida
é engraçada. Espero que a sua também seja.
***
Trilha sonora de Abril (2013)
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