Eu
não me queixo. Eu não gosto de brigar com ninguém, de verdade, mas às vezes
minha capacidade de ajudar não é tão grande quanto a minha habilidade de
expressar minha opinião sobre qualquer coisa de maneira tão apaixonada que pode
fazer você me odiar por algum tempo. E por muito tempo eu me culpei por isso.
As pessoas deveriam fazer o que
acham certo apesar do que qualquer um pode pensar, porque no fim do dia quem
deve deitar a cabeça no travesseiro com tranquilidade para dormir é você. Mas ultimamente eu aprendi algo novo. Algo
que eu demorei muito para aperfeiçoar, porque eu costumava confundir o conceito
de “ouvir” perigosamente com o de “passividade”, porque eu gosto de ser
ouvido mais do que eu gosto de escutar o que alguém tinha para me dizer. Porque
de tanto me procurarem para me pedirem ajuda, eu me convenci de que tinha mesmo
todas as respostas. E quando por acaso era eu quem estava em apuros,
definitivamente não cabia a outra pessoa me dizer o que era o certo a se fazer.
Mas eu aprendi que tudo isso é
estupidez. É importante saber ouvir as pessoas, e não tem nada de errado em
pedir ajuda. Claro, eu ainda expresso minha opinião muito ativamente dentro de
quaisquer situações em que eu esteja, e muitas vezes ainda pago preços muito
altos por isso. Já perdi pessoas por isso. Oportunidades, então, nem se fala. A
verdade é que se eu não me empenhasse tanto em defender tudo que acredito com
tamanha paixão, eu provavelmente seria outra pessoa. Outra pessoa que talvez
tivesse mais amigos, seria mais popular e teria mais convites para sair por aí
e aparecer sorrindo em fotos. Outra pessoa que seria mais aceita por outros,
porque jamais questionaria o que lhe fosse imposto. Outra pessoa que,
definitivamente, não seria eu.
E é exatamente por isso que eu não
me queixo, porque eu aprendi que gosto de quem eu sou, completo com todas as
ideias divergentes e sem sentido que vem com o pacote. E digo isso hoje com
certeza porque aprendi que a paixão com a qual eu defendo meus ideais,
independente da sua veracidade, é a mesma paixão que tem me mantido vivo por
todos esses anos, através de dificuldades e momentos de fraqueza. A mesma
paixão que, durante esses momentos eu achei que havia perdido. A diferença hoje
é que eu aprendi como empregar melhor esta paixão na minha vida, e com quem
exatamente eu devo compartilhá-la.
Quando eu repenso tudo que 2013 me
trouxe até agora, a verdade é que eu só tenho a agradecer, apesar dos apesares.
Mesmo com tudo de ruim, teve tudo de bom. Mesmo com o frio lá fora, eu não
estava sozinho em casa. Ok, talvez às vezes eu estivesse, mas eu não me senti
sozinho e em se tratando de mim – esta conjectura de neuroses ambulantes e
opiniões fortes com CPF próprio – isso já é uma grande conquista. Eu aprendi
que tem pessoas que realmente valorizam a minha opinião, assim como as minhas
paixões, e é nelas que eu preciso me focar agora se eu quiser transformar essa
vida em algo ainda mais memorável para a posteridade. Quem sabe um dia desses
aquele livro que eu sempre quis escrever não ganha vida? Se eu parar para
pensar, as primeiras páginas já estão escritas: a capa e a contra-capa,
seguidas por um capítulo único com dedicatórias à todos que tornaram esta
vitória possível.
O que eu quero mesmo dizer é que,
aqui e agora, eu oficialmente não me importo mais com o que os outros pensam.
Tudo que me importa agora são as minhas paixões e as pessoas que acreditam
nelas. Se eu gosto de você, eu constantemente criarei uma quantidade infame e
infinita de caos em sua cabeça a respeito de qualquer coisa que você pense em
fazer, porque me importo o bastante com você para que não se acabe em consequências
podem fazer mal a você e a mim também. Este sou eu, e serei inevitavelmente
insuportável enquanto eu gostar de você. Quanto ao resto e a todos os outros,
eu não me queixo.
A guerra acabou. Nós vencemos.
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