Existem
50 tons de cinza e 50
jeitos de dizer adeus, mas existem mais motivos entre o céu e a terra do que
compreendem a nossa fã filosofia quando se trata do fim de uma relação.
Especialmente quando ela nem começou.
Isto
é uma história de amor. Acredite se quiser.
Meu
nome poderia muito bem ser o seu aqui. Se você está lendo isso, certamente se
sentiu curioso o bastante para querer saber como o amor – aquele sentimento
primoroso e extraordinário, capaz de levar homens e mulheres comuns a
vivenciarem as sensações mais excitantes e a realizarem as ações mais
inimagináveis, desde as declarações de afeto em público até os crimes
passionais do estilo “se-eu-não-posso-ter-vocè-então-ninguém-pode”
– pode começar e terminar entre duas pessoas... E que isto poderia acontecer de
mais jeitos do que você pode imaginar.
Quando
digo que poderia ter o seu nome, é porque sinto que você já deve ter passado
por isso. Ao longo da vida, em algum lugar e em alguma hora, quando menos se
espera (ou às vezes, quando já era esperado mas mesmo assim a gente paga pra
ver), você terá seu coração partido. Se você tiver muita, muita, mas muita
sorte mesmo, talvez isso só aconteça umas duas ou três vezes. Se você for como
eu, continue lendo e vamos tentar contar juntos quantas vezes nós juramos que
isto não aconteceria de novo... Até que aconteceu de novo.
Eu
não tenho certeza de quando tudo começou, mas acho que foi no réveillon de
2005/06 em Cascavel, Paraná. Eu estava passando as férias na casa do meu pai
quando, no dia de ano novo, depois de um churrasco bagunçado e mal-cheiroso
(como os churrascos de família costumam mesmo ser), eu estava sozinho na sacada
do apartamento olhando para o horizonte com uma espécie de paz em mim que eu
jamais havia sentido antes. Olhando em retrospectiva, foi um tipo de paz que
até hoje – sete anos depois – eu ainda não consegui sentir novamente. Era um
sentimento de plenitude; a vida estava boa, completa, feliz, divertida até.
Nada parecia estar faltando. Nada, exceto por algo que, quando mais eu
observava o horizonte, mais eu me confundia sobre o que poderia ser.
Mas
acho que aquele sentimento de calmaria e tranqüilidade acerca do que o amanhã
iria trazer era normal; eu não havia me apaixonado ainda, logo, não tinha noção
de que toda aquela paz, toda aquela calma, poderia acabar num piscar de olhos.
Quer dizer, numa piscada de olhos de outra pessoa para mim. Eu também não
imaginava que aquela cidade, que não era minha e não me atraía nem um pouco a
não ser para fugir um pouco da correria da cidade grande de Londrina, com o
passar de pouco tempo se tornaria o palco do que hoje eu consigo chamar de “Os melhores anos da minha vida” – apesar
das cicatrizes ainda estarem um pouco abertas. Pode parecer exagero, mas, como
eu disse antes, se esta fosse a sua história e com o seu nome, você pouparia
palavras para descrever a dor e a delícia que foi ter se apaixonado pela
primeira vez?
Convenhamos que é mesmo
exagero. E extrapolação dos fatos. E ansiedade desgastada. E medo, insegurança,
incerteza de tudo e de todos. Mas também é bom, é gostoso... É divertido até. É
capaz de te fazer descobrir exatamente qual é o seu limite, e até onde você
pode ir quando o ultrapassa. Pode fazer você redescobrir a si mesmo, seus
gostos, seus desgostos, suas crenças, seus mitos e suas verdades.
Pode fazer você perceber
o quanto é possível se preocupar com outra pessoa, e sentir não uma
necessidade, mas uma vontade de querer cuidar, de querer estar perto, de
desejar sempre o bem para ela. E se você puder ser o motivo do bem dela, melhor
ainda. Tudo bem que nem sempre serão rosas; você poderá passar raiva. Raiva
como nunca pensou que poderia sentir. E desilusão. Dentre outros sentimentos de
traição, indignação, desprezo ou inconformidade. Pode te fazer chorar; por
minutos, por horas, por dias ou até mesmo por anos. Com a mesma intensidade com
a qual você costumava sorrir e se divertir antes.
Talvez pareça exagero
quando se coloca todos os sentimentos em palavras, e a imagem de que alguém
poderia vivenciar todas estas sensações de uma vez parece inimaginável, a não
ser que você esteja passando por isso agora... E você percebe que não é
exagero. É amor mesmo. E é tudo isso e mais um pouco, porque faltam palavras.
Porque é difícil dizer que a pessoa capaz de te fazer sorrir mais do que nunca,
é a mesma capaz de te fazer se afogar em lágrimas e desejar ter perdido aquele
primeiro olhar, aquele primeiro beijo. Era melhor não ter tido nada, mas também
foi a melhor coisa que já poderia ter acontecido. Foi a melhor coisa que você
já chamou de “sua”, e é algo que você jamais esquecerá.
Mas
às vezes acaba, e é disso que nós vamos falar.
(Continua...)
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