Eu
acredito que tudo na vida acontece por um motivo, mesmo quando você não
sabe qual é. Como um quebra-cabeças que se forma diante dos nossos olhos, mas
cuja imagem não tem muito sentido até que todas as peças finalmente se
encaixem. Acredito que não é a toa que algumas pessoas entram na sua vida, e
não é a toa que elas se vão. Acredito que talvez exista alguma força além do
céu, da terra e da Rede Globo que move este mundo, e que apesar das nossas
escolhas – as boas, as ruins e as meio bosta – as coisas sempre vão se acertar
e nós ficaremos bem.
Particularmente falando, insisto em
dizer o quanto 2013 está cumprindo sua promessa de ser o melhor ano das nossas
vidas. Porque foi o ano em que a Joyce se mudou pra cá, e me ensinou que ainda
mais importante do que transformar uma casa em um lar, é ser capaz de
compartilhar este lar com alguém, na alegria e na tristeza, na riqueza e na
pobreza, nos tererés de dia e de noite, até que o aluguel nos separe. Foi o ano
em que as frases feitas do Renan
sobre “um dia a gente saber” a
verdade por trás dos relacionamentos finalmente fizeram sentido, que era muito
mais complexo do que eu imaginava, porém tão satisfatório quanto era cansativo.
Foi o ano em que o Luis continuou me
sacaneando com montagens de fotos e comentários infames, só que com total moral
para fazer isso porque era sempre ele quem estava do meu lado me dizendo o que
fazer quando eu parecia atingir o meu limite e era obrigado a admitir que, de
vez em quando, eu preciso de ajuda. Foi o ano em que o Chuck mais falou, e eu sempre fiz questão de ouvir porque ou a
piada era muito engraçada, ou o insight era muito válido.
Foi o ano em que eu e a Tati mais trabalhamos juntos, e entre
entrevistas de campo e referenciais teóricos, percebemos o quanto ainda
funcionamos muito bem juntos, seja como parceiros de TCC ou amigos de longa
data. Foi o ano em que a Ellen
continuou fazendo aqueles barulhos estranhos do nada, mas sem os quais eu não a
reconheceria, e foi o ano em que a Luciana
continuou mostrando a nós e ao mundo o quanto ela é mais forte do que qualquer
problema que entre em seu caminho – e que seria muito bom ser tão forte assim
também. Foi o ano em que a Lia
continuou me fazendo chorar de rir com esse nosso humor negro levemente
perturbado que tivemos sorte de descobrir que compartilhamos, e também o ano em
que a Paula provou para mim que é
preciso dar mais chances às pessoas, e que amigos de verdade, apesar da
distância, jamais deixam de ser.
E essas são só algumas das pessoas
que Cascavel me trouxe para me
ajudar a sobreviver ao tempo instável e aleatório daqui até o ano passado,
porque não só 2013 fez um excelente trabalho até agora em nos manter unidos,
mas também me apresentou ainda mais pessoas e lugares incríveis do que eu
esperava. Foi o ano em que a Andressa
se tornou uma moradora honorária daqui de casa, e tornou as tardes frescas e
noites mornas e filosóficas na sacada ainda mais memoráveis. Foi o ano em que a
Dayane, depois de centenas de
encontros em cervejadas e baladas por aí, puxou uma tímida conversa comigo em
um fim de domingo parado, mas que até agora não terminou. Foi o ano em que o Adriano foi morar sozinho e convidou a
todos nós não só para ajudarmos na mudança, mas para estarmos ali presentes na
vida dele também. Foi o ano em que a Lucimara
começou a faculdade e descobriu a alegria e a tragédia de ir à cervejadas, mas
que ao menos servem para nos fazer jamais deixar de rir.
E quanto à Londrina, este foi o ano em que eu mais tive oportunidades de
voltar para casa desde que deixei aquela vida para trás com todo o medo do
mundo de que eu havia perdido aquelas pessoas e lugares para sempre. Mas este
foi o ano em que o Marcio foi me
buscar na rodoviária de terno às cinco da manhã, recém saído de uma formatura,
para irmos tomar café na feira e me dizer “Bem
vindo à Londrina!”. Foi o ano em que o Edson
continuou fazendo jus ao título de filho favorito da minha mãe – só que não – e
me deu conselhos e direção sobre o que fazer quando eu insistia em cair em
ciladas que só eu era capaz de conseguir (alguém aí lembra da La....?). E
também foi o ano em que o Guilherme
veio pra Cascavel e me convenceu a ficarmos 48 horas diretas sem dormir só para
aproveitarmos tudo que um fim de semana poderia proporcionar, completo com
arguiles na sacada de madrugada, tererés ao som de Coldplay e Rosa de Saron,
overdoses de energético e lições sobre mulheres, relacionamentos e até a vida
em si, da qual concordamos que não podíamos mesmo reclamar.
Foi o ano em que eu fui à São Paulo
para receber o reconhecimento por um trabalho de 3 anos que eu recebi logo no
dia em que mudei para cá, que me fez reclamar muito e definitivamente me cansou
muito, mas que me tornou alguém excepcionalmente mais grato e mais afortunado
por poder acordar todo dia de manhã e começar tudo de novo. Foi o ano em que eu
namorei sério pela primeira vez e descobri exatamente o quando amar alguém pode
mudar a sua vida e a dela, mas que talvez não esteja na hora de eu dar um passo
tão grande assim ainda. Você não pode se comprometer à outra pessoa sem estar
realmente comprometido consigo mesmo.
Foi o ano da faculdade em que os
estágios começaram, que o TCC parece que veio para ficar e que todas aquelas
teorias que aprendemos nos últimos anos de repente viraram práticas
assustadoras. Estamos mesmo prontos para isso? Serei bom nisso? O que eu estou
fazendo aqui? Não são as orientações de estágio que me assustam, mas a ideia de
que em breve a saúde mental de outras pessoas estará em meus cuidados – e que
diabos de cuidado eu ando tendo com a minha? E como se tudo isso não fosse o
bastante, 2013 foi o ano em que eu decidi admitir que eu tenho problema, que eu
precisava tomar Roacutan e que – quem diria – minha vida e minhas amizades não
se resumem a um copo de cerveja. E de quebra, 2013 foi o ano em que eu tirei
aquele cisto estranho do meu pescoço.
Ao longo dos anos confesso que perdi
muitas das minhas razões para acreditar nas pessoas, no amor e até em mim
mesmo, mas ao julgar por tudo que 2013 fez por mim até agora, posso
definitivamente dizer que as coisas acontecem mesmo por um motivo. E que se não
fosse por tudo e por todos que já passaram por mim até agora, eu não seria
capaz de acreditar ainda que você vai adorar o amanhã. Mas enquanto o amanhã
não chega, porque vocês não aparecem aqui em casa? Podemos fazer um jantar, ou
um arguile e tereré na sacada, ou só assistir a um filme. Vocês é quem sabem. A
porta está aberta. Você vai adorar hoje.
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