Tudo
está acabando. Eu disso
isso há um mês, quando Novembro parecia ser apenas mais um mês e não um
prelúdio a propagandas de Natal na televisão, confraternizações de
amigo-secreto, e ligações da minha mãe para que eu comece a procurar por um
peru desossado para a ceia. Parecia ansiedade de separação demasiada por um ano
que ainda tinha muito a oferecer, salvo pelo acidente que, felizmente, em vês
de me subtrair uma perna, me trouxe uma vacina anti-tétano e um celular novo.
Mas aqui estamos, senhoras e senhores. O fim do ano chegou. Os parentes já
estão avisando que virão, as luzes de Natal já estão acesas, as aulas acabaram
e o fatídico tédio das férias já tomou conta da minha rotina. 2013, você foi
muito bom pra mim, até mesmo enquanto estava me torturando, mas você ainda tem
mais 30 dias pela frente para se superar e me surpreender.
Não me entenda errado, 2013. Eu
sempre costumo dizer às pessoas que minha vida, além de engraçada, é
ridiculamente boa. Cada ano tem sido melhor que o anterior, e me faz sentir que
tenho cada vez mais motivos para agradecer quando deito a cabeça no travesseiro
à noite. Você foi demais, de verdade. Foi o ano em que eu descobri o que
realmente é ser um psicólogo, e que eu provavelmente tomei a decisão certa para
a minha vida profissional. Foi o ano em que eu encontrei amor, nem que tenha
sido somente para descobrir que eu talvez não esteja pronto para me comprometer
completamente com outra pessoa. Não enquanto ainda há tanta liberdade que meu
eu pode esbanjar e aproveitar, sem precisar se preocupar em ligar antes para
alguém para avisar aonde estou indo – ou pior, para pedir permissão.
Foi o ano em que eu abri minha casa
para o mundo, literalmente, e percebi que por mais que tenha sido difícil
transformar uma casa, um sofá e uma sacada em um lar, é ainda mais desafiador
acolher amigos e colegas como família. Foi o ano em que eu aprendi que amigos
são muito diferente de colegas, que confiança é algo muito valioso para ser
compartilhado sem ter certeza de que outra pessoa não a usará para te destruir de
dentro para fora, e que por mais que coisas novas pareçam aversivas ou
assustadoras, é mais fácil dizer “sim”
ao desconhecido do que permitir que a mesmisse
tranque as portas.
Foi o ano em que eu ri, chorei, me
desesperei, caminhei, me decepcionei, tomei litros de tereré na sacada, tirei
fotos no sofá, comecei a dividir o apartamento, me apaixonei, quase fui
processado, conheci pessoas novas, abri mão do meu passado, arrombei a porta do
meu banheiro sem querer, visitei minha família, derrubei meu celular da sacada,
fui demitido, vi uma empresa fechar, arrumei outro emprego, fui pra São Paulo
receber um prêmio, namorei, terminei, enchi a cara, fumei, participei de um
protesto pelo Brasil, fiquei doente, organizei jantares em casa, briguei com
muita gente (e fiz as pazes com alguns),
fui pra balada (e tive alguns
arrependimentos), tomei chuva, passei frio, dei festas para meus amigos,
surpreendi meus pais nos seus aniversários, assisti filmes com a minha irmã, fiz
um tratamento para espinhas, passei meses sem beber, senti saudades de tudo,
completei 22 anos (e ganhei uma festa surpresa), comecei a auto-escola (sim, estou atrasado), me acidentei,
quase morri, ressuscitei, ganhei um celular novo, escrevi um TCC, terminei o
quarto ano, morei junto com alguém por um ano e, como se não fosse o bastante,
sentei e escrevi sobre tudo isso.
Nos primeiros instantes de 2013, um
dos meus amigos me incentivou a fazer uma promessa. Uma promessa que eu tentei
cumprir com todos que compartilham minha vida comigo: este seria o melhor ano
das nossas vidas. Ainda é cedo para estourar o champanhe e cantar vitória:
ainda temos 30 dias pela frente onde – falando por sofrida e extasiante
experiência – tudo pode acontecer. Tudo só vai acabar quando a Globo anunciar “Feliz ano novo!” e os fogos de artifício iluminarem o céu e
assustarem a minha avó com o barulho. Enquanto isso, aproveitem a última curva
da viagem. 2013 foi bom, deu o que falar e cumpriu tudo que devia, mas ainda
não acabou.
E o seu 2013, como foi?
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