Tudo
está acabando, e estou
falando sério desta vez. Tudo bem que 2014 mal começou, mas apesar de ainda
estarmos em Janeiro, de fotos de pessoas na praia com as pernas abertas de
frente pro mar estarem alagando o Facebook,
e das promessas de ano-novo ainda terem cheiro de novas, não tem como negar que
este será um ano definitivo para muitas coisas. Ou então, pelo menos para mim e
mais um punhado de pessoas que conheço, será. Porque este é o último ano da
faculdade.
O ano que passou por um prelúdio de
quatro dezenas de meses de introduções a teorias, práticas e reflexões do que é
ser um psicólogo. Como é existir como psicólogo, atuando como facilitador de
enfrentamento de pessoas com quaisquer processos de adaptação que estejam
passando. E mais importante; o que fazer com tudo isso, para que as neuroses
dos outros não nos enlouqueça sem querer. Quando eu digo que tudo está
acabando, me refiro ao espaço do porto seguro em que ainda estamos ancorados,
mas com poucos meses diante de nós antes de finalmente sermos obrigamos a pular
em alto mar, sem rede de proteção, e começar a nadar por conta própria em busca
do nosso lugar ao sol. Tudo está acabando, e caso você tenha se distraído e não
viu o tempo passar, esta é a hora de começar a fazer tudo valer a pena. Queira
você admitir que o fim está próximo, ou não.
Quanto a mim, apesar de não
conseguir tirar da cabeça a ideia de que tudo está acabando, tenho a sorte de
estar vivenciando alguns recomeços bastante necessários, mesmo que seja aos
quarenta-e-cinco-do-segundo-tempo. Eu tenho um emprego novo, - um estágio que
me permite ao menos molhar os pés de leve no oceano da Psicologia, por mais que
só esteja apenas atendendo telefones por enquanto - tenho um coração em estado
semi-novo razoavelmente conservado pronto para tentar alugar de novo aquela
edícula que mantenho vaga para alguém especial, e uma série de perspectivas
para o futuro que, assim como o fim, eu não consigo deixar de analisar. O que
eu vou fazer quando tudo acabar? Para onde irei? Passarei fome? A insustentável
dúvida do ser nunca me falhou, e acho que a tendência de agora em diante é só
me afundar ainda mais no mundo de possibilidades que está se abrindo diante de
mim, e fazendo com que eu me sinta mais perdido do que nunca.
Oceanos de dúvidas e possibilidades
a parte, a vida é uma estrada que tanto passa por eles quanto pode levar a
eles; só depende da gente saber que direção seguir. Eu não sei se dá pra
perceber, mas estou perdido. Estou com as mãos no volante, o mapa no colo e
ainda assim peço direções para as pessoas por quem passo a cada quilômetro que
avanço. O que me alivia é que todas parecem tão perdidas quanto eu. Menos mal.
Por mais que a gente ande, é difícil ter certeza da onde queremos chegar. E
mesmo quando chegamos, sempre há uma distância a mais para percorrer. Ninguém
fica parado, porque ficar parado significa ficar para trás. E acho que ninguém
tem como meta de vida ser a imagem no retrovisor das pessoas que passam por
ela. Ser a imagem no retrovisor de alguém me aterroriza, por mais que eu ainda
não saiba aonde quero chegar.
Tudo que sei é que quero chegar
primeiro, e quero ser feliz. Tirando as incoerências, as lacunas, os desvios e
as contradições, isto ainda é melhor do que nada. Tem gente que nem sabe se
quer ser feliz ou não; só segue em frente com o piloto automático, na esperança
de encontrar algo que lhes dê direção, sem precisar se agoniar com o desespero
da escolha. E não acho que seja preciso ser Existencialista para saber que,
independente se estamos falando de direção, felicidade ou aquele oceano de
possibilidades, sua vida e tudo que diz respeito a ela só depende de você.
Então aqui estou eu, com a estrada
de 2014 adiante de mim e todo ansioso por ainda não saber qual caminho seguir.
E achando isso muito bom, porque há cinco anos tudo o que eu queria quando
finalmente chegasse até aqui era que tudo terminasse para que eu pudesse voltar
para casa. Cinco anos depois, eu não quero voltar para casa. Quero conhecer o
mundo. Quero dominar o mundo, mas não me entenda errado. Quero dirigir até as
marinas da vida e mergulhar de cabeça no oceano de possibilidades que estão ao
meu alcance, até que algo me cative o bastante para me convencer a renegar
todas as outras escolhas e me contentar em ser feliz com apenas uma. Uma vida,
um emprego, uma direção, uma mulher, um coração. Apesar de tudo isso, dizem que
o que vale a pena mesmo não é o destino, mas o caminho que se percorre para
chegar até ele. A viagem está chegando ao fim, e cá entre nós, tem sido uma
viagem e tanto. Eu não quero que termine tão cedo, mas não quero ficar parado.
Olha que nem terminei de tirar a carteira de motorista ainda.
E 2014 está só começando...
adorei vc escreve muito bem, continue escrevendo me indentifico muito com suas historias
ResponderExcluir