Caso você tenha chego até aqui com a
expectativa de encontrar
uma resposta pronta, pare de ler, feche esta aba e volte para o Facebook. Porque eu não tenho as
respostas, e talvez nem esteja tão perto de encontrá-las quanto eu gosto de
pensar. A verdade é que talvez nem existam as respostas certas, ou erradas, ou
meio-certas mas que servem para você passar de ano na média. Por mais que eu
não saiba dizer o que exatamente é o amor, da onde ele vem ou do que ele se
alimenta, eu também não preciso esperar pelo Globo Repórter para aprender que um sentimento tão grande como este
não cabe em pequenas definições, por mais que seja composto de apenas quatro
letras. Quatro letras com uma promessa imensa. Basta só você encontrar alguém
com quem possa compartilhá-las. E que este alguém te entenda.
Mas ultimamente eu tenho me sentido bem mais
esperançoso do que em meus últimos devaneios transcritos que despejei aqui. Que
eu vivo escrevendo sobre amor, expectativas, esperanças e sonhos, todo mundo
sabe. É o que me move quando eu saio por aí, mundo afora, com meus fones de
ouvido no máximo e meus óculos escuros que escondem parte do meu rosto e,
convenhamos, algumas lágrimas também. As coisas não estão fáceis, mas se for
parar pra pensar, quando foi que estiveram? Quando foi que eu realmente senti
que a minha vida estava em completa ordem e disposição? E por que isso seria
automaticamente algo bom?
Neuroses a parte, eu gosto dos meus
problemas. E eu gosto de toda a calamidade que eles proporcionam, exatamente
porque eles são meus e precisam de toda a atenção que puderem receber. E aí eu
sento, choro, escrevo, sonho, reflito, rezo e imploro por dias melhores...
Talvez não seja o sistema mais eficaz de todos, e por mais que os dias melhores
pareçam tão distantes às vezes, eu deveria ser mais agradecido pelo fato de que
eles não chegam todos de uma vez. Não. Eles chegam aos poucos, um após o outro,
conforme a vida percebe que precisamos de um pouco mais de incentivo para
levantar da cama de manhã e continuar tentando organizar todos esses
sentimentos que passam a maior parte do tempo espatifados no chão do que arrumados
e guardados nas suas devidas estantes. E eu estou começando a entender que isso
é bom, e que é assim que as coisas tem que ser mesmo.
Eu conheci muitas pessoas novas este ano, e
cada uma delas entrou na minha vida carregando sua própria história, suas
próprias lembranças, medos e esperanças sobre o futuro. Mas nem todas ficaram,
e eu entendo que nem todas poderiam. Por mais que eu também goste de pensar que
sou um ser humano neurótico e invariavelmente contente, não há muito espaço
para as teorias de conspiração e crises existenciais de outras pessoas. Mas as
que ficam, as que grudam, as que eu gosto de saber como estão indo, essas eu
faço questão de arrumar algum espaço, por mais que a minha vida fique ainda
mais bagunçada quando eu empurro todas as minhas inseguranças para algum canto,
para que a gente consiga se sentir confortáveis dentro desse mesmo coração.
Mais vezes do que deveria, eu penso que viver
um relacionamento não está nos planos dos dias melhores que estão por vir.
Porque as pessoas são difíceis, sentimentos são complicados, compromissos são
pesados, e amar é algo incomensuravelmente complicado. E quando a minha linha
do tempo do Facebook começa a se
encher de fotos de casais felizes, e amigos meus me ligam para dizer que estão
noivos e querem que eu seja o padrinho do casamento, e eu pareço ser o único em
um jantar que não tem uma desculpa plausível para explicar porque a cadeira ao
meu lado está vazia, eu baixo a guarda e admito que o amor pode até ter as suas
dificuldades, seus desafios e suas decadências... Mas se todos esses casais,
essas declarações, essas mãos dadas no shopping, e esses sorrisos que aparecem
durante beijos por aí significam alguma coisa, é que aquelas quatro letras
podem até possuir um significado muito complexo e pessoal, mas que
definitivamente vale a pena correr atrás.
O que é o amor para mim então? É o que eu
sinto pelos amigos que convivem comigo, e tem descoberto constantemente o
quanto eu posso ser tão irritante e difícil quanto eles, mas que continuam do
meu lado por mais que já tenhamos dado todos os motivos do mundo para
desistirmos uns dos outros. É o que eu sinto pela minha família, que me motiva
e me inspira com a mesma proporção em que me abala e me destrói na velocidade
de um almoço de Domingo. Mas principalmente, é o que eu sinto por mim, e por
cada peça que compõe o quebra-cabeças do meu coração cansado e desgastado, mas
que é digno de ser dado de presente para outra pessoa que também se importe o
bastante para me retribuir com o dela.
Claro que o amor também pode ser receber
aquele abraço apertado depois de um dia difícil, de uma pessoa que te conhece o
bastante para saber que você não precisa nem pedir por isso, porque seus olhos
já delatam a sua tristeza. Pode ser o empenho que você coloca ao planejar uma
festa de aniversário para alguém, ou passar frio em uma mesa do lado de fora do
bar só porque você não quer que aquela conversa acabe, ou trocar mensagens no WhatsApp o dia inteiro, ou passar horas
no telefone com aquele alguém de madrugada, só porque ouvir a voz dela é mais
relaxador do que simplesmente ir dormir. Pode até ser a sensação que você tem
ao abrir a geladeira e descobrir que sobrou pizza da noite anterior, e que você
não vai precisar ir ao supermercado para providenciar o seu almoço. Pode ser
tudo isso em muito mais, porque ninguém ama igual a outra pessoa, e cada um de
nós vem completo com sua coletânea de sentimentos que enfeitam as estantes da
nossa casa e da nossa vida, mas que na maioria das vezes sempre deixa um espaço
vazio para que outra pessoa também adicione um volume seu em nossa coleção.
Acho que o que eu estou tentando dizer é
que, apesar de não estar em um relacionamento e das coisas não estarem tão boas
assim, ainda existe tanto amor em mim nesta vida que, em vês de sentir falta,
eu tenho mais a agradecer.
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