E aquilo
tudo realmente aconteceu. Foi do
jeito que eu disse para os meus colegas que seria: alguns dias depois, eu iria
rever todas aquelas fotos que tiramos juntos, daquela cerimônia incrível e
emocionante na qual nós éramos os protagonistas, e só então eu me daria conta
do quanto tudo pareceu tão... Rápido. Tão finito. Tão definitivo. E nem faz
tanto tempo assim, mas eu preciso dizer o quanto esses últimos dias estão sendo
diferentes. Diferente do purgatório entre formatura e graduação, agora um ciclo
se fechou. Passamos por todas as séries, os estágios, os relatórios e os
ensaios até o momento daquela entrada triunfal, seguida por um juramento solene
e alguns discursos emotivos, até terminar com uma chuva de confetes que nos
conferiu o fim oficial de uma era. E o começo de uma vida real.
Sem horários, sem compromissos, sem... Sem
saber pra onde ir, para falar bem a verdade. Eu ainda estou tentando encarar esta
nova etapa como uma espécie de férias de vida, antes de encontrar um novo rumo
para seguir. A não ser que um novo rumo se apresente, digamos, amanhã logo de
cara. Mas ao contrário da lição que ainda não aprendi totalmente, eu sou capaz
de perceber com um pouco mais de certeza o quanto os planos do destino podem
ser bem mais... Incertos. Mas quanto à lição que ainda não consegui memorizar,
é o quanto nada nesta vida pode ser mensurado pela velocidade com a qual você a
atravessa, mas o caminho que você trilha nela.
Por ainda estarmos diante de muitos começos
– um ano novo, uma vida nova, uma série de desenganos esperando para serem
descobertos e absorvidos – ainda me permito olhar para trás. Senão para rever
tudo o que já passou, então para pegar um pouco mais de impulso para seguir
adiante. E, se eu tiver sorte, talvez eu consiga associar tudo aquilo que
passou com o que está diante de mim agora, ao invés de continuar com uma visão
desfocada do meu futuro. Acontece que, depois de tudo aquilo, especialmente
daquela cerimônia que pareceu tão breve e, ironicamente, tão drástica, eu ainda
não consegui realmente me dar conta de que por mais que as pessoas e os lugares
pareçam iguais, tudo mudou. Ao contrário do que eu imaginava, tudo não acabou.
Mas algumas coisas, alguns títulos e alguns lugares já não me pertencem mais.
Bem como algumas pessoas, que pareciam estar mais adiantadas nas curvas da vida
e que já tomaram seu rumo para outros cantos. E depois que nós tiramos fotos
juntos e nos despedimos, eu fiquei com uma sensação de que algo está faltando.
Uma nova rotina, talvez.
Eu estou bem. Quanto a isso eu não posso
inventar complicações. Estou bem sim. Estou com idéias, projetos, planos e até
mesmo algumas estratégias para começar a trabalhar sob o meu futuro. Mas eu já
disse antes o quanto ter todas as possibilidades do mundo diante de mim agora
parece se tratar de mais possibilidades do que eu consigo contemplar. Minha
vida é feita de escolhas, mas quando se recém completa uma graduação que me
habituou a optar entre as alternativas a, b, c, todas estão corretas ou nenhuma
destas está correta, ainda me restam muitas outras para deliberar. E digo mais:
como eu vou saber se optei pela resposta certa?
Mas eu parei de me preocupar tanto, porque
sei que não estou sozinho. Porque sei que por mais que o próximo capítulo desta
história ainda não passe de um rascunho, eu não sou o único a me desesperar
pela falta de léxico ou criatividade. E porque felizmente eu posso tirar mais
algum tempo para assimilar melhor as minhas novas circunstâncias e, por que
não?, para curtir um pouco mais as retrospectivas que me passaram pela cabeça
nesta última semana. Dos anos laureados que tive e dos colegas de turma que se
sobressaíram comigo naquela caminhada rumo ao palco, aos últimos momentos de
estudantes e, finalmente, ao diploma. Foi a caminhada mais longa que eu já fiz,
passando por cinco anos de trabalhos em grupo, apresentações nervosas e
trêmulas para o resto da sala e risadas e confraternizações entre aulas e
depois de provas, até o fim daquele corredor. E olhando daqui, entre tudo o que
passou e tudo o que ainda está por vir e que só depende de mim agora, só me
restam duas certezas: uma delas é de que tudo valeu a pena.
Eu digo isso porque, há cinco anos, eu
pensava que os melhores anos da minha vida já haviam se passado. E então eu me
mudei para cá, e tomei uma decisão na forma de um curso que definiu não só a
minha carreira mas também o meu caráter, e que me proporcionou chances e
pessoas sem as quais eu não seria quem sou hoje. Nada contra o que já passou
por mim, mas estes anos de graduação sim foram os anos laureados da minha vida.
E servirão de base para mim, enquanto eu continuo à procura do meu próximo
capítulo. Meu rumo, minha vida, meu eu.
Não vai ser uma jornada fácil, mas também
não será solitária. É o que me dá a minha segunda certeza: nós vamos ficar bem.
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