Às vezes eu estou errado. Tenho um dom para observação,
escrita, pesquisa, e procurar entender e tentar dar o meu máximo em tudo que
invento fazer da minha vida. Não que eu necessariamente consiga ser bem
sucedido todas as vezes. Em parte - ok, em grande parte - porque convivo com
uma verdade universal ridiculamente distorcida: estou sempre certo. O restante
não passa de som ambiente.
Tenho
um egocentrismo do tamanho do mundo. Um orgulho que seria invejável se não
fosse tão tóxico. E uma auto imagem tão, mas tão estraçalhada, que é de se
admirar o quanto eu a idolatro. Sinceramente? Eu seria a melhor pessoa do
mundo, se não fosse por mim mesmo.
Cresci
com uma visão absurda que enxerga a necessidade de pedir ajuda como um sinônimo
de admissão de derrota. E aí você me pergunta: derrota do que? Pois este é
outro problema: cá entre nós, a vida é uma competição. Pelo menos, pra mim é. E
isso poderia ser muito saudável - é bom ter ambições, não se contentar pelo
regular, correr atrás do primeiro lugar, tornar-se excelente em algo - mas no
meu caso não é. Porque ao estabelecer a vida como uma competição, me percebo
constantemente ficando para trás. O eterno atrasado. A constante segunda opção.
O som ambiente que resta.
Convenhamos
que bom humor não me falta. Mas o mesmo sarcasmo e ironia que ajudam a aliviar
determinadas situações, são os mesmos que sustentam a melancolia que
eventualmente as criam também. As crises existenciais, os dramas familiares, os
relacionamentos turbulentos. Tudo meu. Do amor à culpa.
Mas
eu quero mudar. Juro. Ser assim é cansativo. Exaustivo. Consumidor ao ponto de
me desmotivar a levantar da cama pela manhã e sair por aí, enfrentando a vida.
A selva de complicações, pendências e boletos que preciso procurar imprimir uma
segunda via pra pagar, porque o original venceu, vez por muitas outras é demais
pra mim. E eu sei que a mudança só terá espaço para respirar quando eu
finalmente me dispor a ouvir e a reconhecer que - plot twist! - às vezes eu
estou errado.
E
é isso que quero deixar registrado aqui, para reler quando isto acontecer de
novo. Porque é claro que isso vai acontecer de novo. Mudar não me deixará
perfeito, por mais que eu sonhe com isto. Mas poderá ajudar. Melhorar, quem
sabe. Ser um pouco menos Igor em um mundo que já é incorrigível, inconsequente
e grosso demais para a maioria de nós. Mas nem tão menos Igor ao ponto de abrir
mão da compaixão, do companheirismo e - por que não? - do sarcasmo que gosto de
pensar que me mantém seguindo adiante. Em busca de sonhos e ideais que julgo
serem tão essenciais para viver, mas que confesso que os deixo de lado às vezes
por preferir muito mais estar certo. Ter razão. Me chafurdar na vaidade do meu
convencimento.
Quer
saber? Acho que já estou satisfeito com isso. Não preciso estar certo o tempo
todo. Vale mais a pena ser feliz.
Perdoe
os meus comentários sarcásticos e não desista de mim.
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