“Vou me
arrepender disto no final?” Essa é a
pergunta mais assustadora de todas, independente das opções que estejam diante
de você. Ter escolhas por si só já é um fardo e tanto, e a psicologia
existencial está aí para não me deixar mentir. Em se tratando de escolhas, eu
faço o máximo que posso para conviver em paz com as minhas. Por exemplo, eu não
me arrependo de ter deixado você... Ou você. Ou até
mesmo você. Assim como
eu não me arrependo de ter me mudado para longe de tudo familiar para mim – em
nenhuma das vezes que fiz isso. Tudo que fiz, ou deixei de fazer nesta vida,
sempre foi por amor. Inclusive quando ele deixou de existir.
Não sei qual
é o seu parâmetro de vida em termos de definições importantes como “o que quero ser quando crescer?” ou “o que estou buscando a partir desta decisão?”.
Há quem diga que 25 anos é pouco para saber disso ao certo, e há quem diga que
eu já deveria saber disso há muito tempo. Minha história é controversa,
tumultuada e complicada. O que explica a minha natureza dispersa, inquieta e
exagerada. Mas é a única que eu tenho, e é com ela que eu preciso fazer a minha
vida dar certo. Seja lá o que isso queira dizer.
E o exemplo
mais recente disso ainda é coerente com o motivo pelo qual estou aqui, em Foz do
Iguaçu.
É o mesmo motivo pelo qual deixei para trás um apartamento, um grupo de amigos
que sempre serão as melhores pessoas do mundo para mim, e um potencial de vida
razoavelmente estável, embora não particularmente satisfatória. Estava na hora
certa, mas no lugar errado. Especialmente, na profissão errada.
É claro que
eu nunca vou abandonar tudo o que a psicologia fez por mim, ou tudo que fui
capaz de conquistar através dela. E é claro que existem dias em que me pego
encarando meu diploma pendurado na parede, e tenho momentos do tipo “Meu Deus, o que foi que eu fiz?!”. Tanta
gente por aí à procura de um sonho, incapaz de cursar uma faculdade, e eu aqui,
indigesto com as minhas filosofias. Me sentindo saturado com meu atestado de
curso superior completo enfeitando uma parede do meu quarto, enquanto eu sigo
na eterna busca por algo à mais.
Mas pra você
que já conhece bem essa história, sabe que eu nunca estive à procura de algo
inalcançável. Pelo contrário; esse sonho veio bem antes da psicologia, do
apartamento, do grupo de amigos, e até mesmo das duas mudanças de cidade que
optei por fazer. Trilhei o caminho mais longo, admito, mas só porque acabei me
perdendo entre uma decisão e outra, e nem todos os retornos estão sinalizados
ao longo da pista.
Caso você
tenha se juntado a mim agora e ainda não sabe: eu cursei um semestre de
jornalismo bem antes de me matricular em psicologia. Em outro mundo, em outra
vida. E a decisão de abandoná-lo foi tão cara quanto custou para retomá-lo.
Levei seis anos, duas cidades e incontáveis crises existenciais, mas aqui
estamos nós. E como eu sempre digo, não há ironia o suficiente no mundo para
contemplar o quão perfeito foi o fato de que meu último dia oficial como produtor
de telejornal tenha sido exatamente na sexta-feira, dia 7 de abril: dia do Jornalista.
Conseguir aquele
emprego foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. Depois de
exatamente um ano em Foz do Iguaçu, à procura de um espaço dentro do campo que
eu nunca deveria ter abandonado, tive a oportunidade de vivenciar a rotina de
um jornalista de verdade. Completa com sua correria, suas dificuldades, seus
desaforos e suas vitórias. Mesmo nos dias em que tudo parecia estar perdido, e
o deadline das 18:30 parecia se
aproximar num piscar de olhos enquanto o jornal do dia não estava sequer perto
de tomar forma, não houve um dia em que não saí de casa à caminho da redação feliz
pelo trabalho que encontrei.
Antes tarde
do que nunca: feliz dia do Jornalista. Sem arrependimentos.
Comentários
Postar um comentário