A cada dia que passa, eu tento me situar um pouco mais com a minha nova realidade. Uma realidade que, neste caso, envolve Foz do Iguaçu: uma das cidades mais dinâmicas em termos de turismo, cultura, entretenimento e possibilidades de vida em níveis internacionais. São tantos restaurantes, casas de shows, museus, parques temáticos, maravilhas da natureza... Que às vezes eu me surpreendo um pouco com o quanto eu fico entediado em casa.
Porque, sinceramente, viver cansa. Explorar novos lugares pode ser trabalhoso. Provar novas cozinhas pode ser caro. E ter novas experiências tem lá a sua famigerada margem de erro. É fácil arquivar algo como “experiência” depois de ter passado por momentos de desgosto e estresse, mas a minha meta hoje vai além de tudo isso. Minha meta hoje é de aprender a ser feliz, tranquilo e grato pelo que eu tenho: uma oportunidade de recomeçar, o tempo e a infra-estrutura o suficiente para fazer isto.
Isto é, até aquele teste.
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Dia desses eu fiz um teste online sobre traços de personalidade e sabotadores mentais que anulam a sua inteligência, dentre outras palavras-chave muito atraentes que me seduziram a clicar em “aceito sem ler os termos deste teste que pode ou não coincidir com uma resposta que você procura neste momento”. E de acordo com nossas análises, Igor, clique neste outro link e leia em preto e branco os resultados que obtivemos através do nosso longo e repetitivo questionário sobre como você lida com estresse, situações-problema e outras neuroses cotidianas. E ainda geraram os resultados em inglês, para dar mais credibilidade na nomeação dos meus déficits.
Enfim, a aleatoriedade do questionário – que, devo deixar claro, não influenciam em nada na sabedoria milenar que envolve a produção de biscoitos chineses da sorte – decidiu que o meu problema é o excesso de autocrítica, mas em um sub-nível diferente: a hiper realização. A necessidade constante de atingir novas conquistas e de, consequentemente, atribuir minha auto-estima a elas.
O que fez todo o sentido para mim hoje, vivendo em uma cidade que comporta inúmeras possibilidades e que desperta em mim a constante necessidade de explorar ao menos uma delas por dia. Porque eu decidi mudar de vida e decidi que isto deverá valer a pena – o quanto antes, porque meu tédio é inversamente proporcional à minha ansiedade. Será que isso caberia em uma fórmula ou algo do tipo?
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Ok. Digamos que seja só coisa da minha cabeça, e que não haja nada nem ninguém me cobrando resultados que aparentemente eu não estou entregando ainda. Seja através de viver novas experiências ou finalmente cumprir velhas promessas de ano novo. Eu não sei. Mas em um novo capítulo das minhas irônicas desventuras, fiz uma limpa na pilha de rascunhos que compõe mais da metade da minha mesa e encontrei um que me chamou a atenção:
Talvez fosse mesmo uma crise existencial. A eterna procura por algo a mais, ou o teste definitivo pelo qual todos os seres humanos eventualmente passam durante o curso da vida – o da fé. Fosse o que fosse, decidi que valeria a pena dedicar o meu sábado para explorar outras partes de Foz do Iguaçu, como o famoso templo budista, na esperança de encontrar mais algum sinal. Mas só o que encontrei foi o aviso no muro de entrada: horário de funcionamento das 9h30 às 16h30. E às exatamente 16h36, eu senti que parte da minha fé ficou abalada.
Em seguida decidi visitar outro templo; a mesquita que reúne a segunda maior comunidade muçulmana do Brasil... também fechada para visitação.
Por último, a caminho de volta para casa, passei pela igreja católica matriz – com uma grande placa que dizia “EM OBRAS” bem em frente à porta principal. E a essa altura pensei que o problema não fosse a minha fé, mas a minha falta de planejamento.
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No final das contas, eu decidi que meus pensamentos não estavam realmente voltados para fé, ou o segredo da vida, ou a psicologia da minha inquietação. Minha necessidade instintiva de encontrar uma resposta satisfatória eventualmente sossegou com o entardecer e deu brecha para uma nova teoria, representada pela fórmula abaixo:
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Independente dos meus questionamentos, Foz do Iguaçu está fazendo jus à sua proposta turística de pelo menos levar a minha mente a novos rumos... mesmo que eu acabe com dor de cabeça em um beco sem saída. Tudo bem; vale como experiência.
*Escrito em 25 de agosto de 2015.
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