Diz que é verdade. Nós
precisamos conversar. Ou talvez, só eu precise. Mas algumas coisas precisam ser
ditas, e só o que eu posso fazer é esperar que cheguem até você. Mas conhecendo
você como eu conheço, aposto que chegarão sim. E é exatamente esse o ponto: por
que não deixar de me acompanhar de longe, e admite que sua vontade é mesmo
andar ao meu lado. De mãos dadas no shopping, e tudo mais.
Você sempre foi péssima em negar as
aparências, meu bem. E é por isso que se mantém próxima o bastante para cuidar do que
ando fazendo, mas longe o suficiente para tentar mostrar ao mundo que você não
quer nada comigo. E me recrimina, me odeia, me xinga, me ignora e finge que não
existo. Passa reto por mim quando nos encontramos, mas foca em mim quando
estamos bebendo no mesmo bar. Tentando, em vão, esquecer um ao outro.
Eu preciso do teu beijo. Era isso
que eu pensava, desde aquela primeira conversa. Lembra de como eu chamei a sua
atenção? Ninguém havia te atraído tão instantaneamente antes. Ninguém nunca nem
te deu flores antes. Em vez disso, te deixaram acostumada com frases feitas,
clichês e chavões direcionados a levá-la para a cama mais próxima. Eu não. Eu
queria conhecê-la. Decifrá-la. Senti-la. Revivê-la. E planejei cada passo,
ensaiei cada fala, porque queria que tudo fosse perfeito. Um romance que
entregasse tudo que você merecia receber.
Chega de mentiras. Como você
estava antes de mim? A vida ia bem? As coisas estavam em ordem? E o coração?
Estava disposto a acolher alguém de novo, ou já estava partido demais para
acreditar que qualquer um que surgisse optaria por realmente ficar? E agora que
estou aqui, pairando sem rumo e pensando somente em você, está melhor? Que mal
havia em admitir que essa vida era mesmo o que você queria?
Pra que viver fingindo? Lembra de
como você estava ansiosa para me encontrar pela primeira vez? Lembra de como
contamos os minutos do dia até aquele momento chegar? Você se encolheu no meu
abraço, me enfeitiçou com o seu perfume, e eu confirmei o que já suspeitava há
dias: eu era seu. E você, minha linda, admita: também queria ser minha.
Você se afasta e se defende de mim, porque é
essa possessão te incomoda. E os
sentimentos que você não sentia há tempos, porque estava acostumada com
decepções e domingos chuvosos a sós debaixo do edredom. E como “ser de alguém”
vai contra tudo que você acredita. Tudo que está convicta a não aceitar. Só
tente se lembrar, meu anjo, que eu nunca quis roubar sua liberdade. Só queria
mesmo voar com você, porque eu também preciso ser salvo dessa vida.
Essa loucura em dizer que não te quero já foi longe
demais. Eu sei o que sinto por você,
e é o que senti desde a primeira vez em que encontrei seu olhar. E ouvi a sua
risada. E desci minhas mãos pela sua cintura. E escutei você dizer que queria
mais, e mais... E eu prometi que te daria tudo que quisesse, tudo que pudesse, porque era você.
Eu te quero mais que tudo. Mesmo
sabendo que eu posso estar errado. Mesmo pensando que você realmente não quer
me encontrar. Mesmo aceitando que sejam só coincidências. Mesmo dizendo o
contrário em voz alta por aí. Mesmo querendo te enxergar em cada multidão que
passa por mim.
Quando eu digo que deixei de te amar, é por
mágoa. Pela decepção que tive ao ver que você achava mesmo que eu poderia de
fato ser um cara controlador, possessivo, machista, insensato, disfuncional,
carente, ciumento e amargo, que te disseram que eu sou. Você sabe que não é
verdade. E eu sei que tudo isso serve como uma desculpa muito próspera para
justificar uma saída à francesa da minha vida. E um modo muito eficaz de
camuflar todo esse seu medo. Essa ansiedade de ser feliz, que te desespera
quando chega muito perto de ser realizada.
Faça o que quiser de mim. Por ser a
mulher mais fascinante, bela, engraçada, inteligente, louca, desvairada,
impulsiva, e apaixonante que eu já tive a sorte de encontrar. Como eu poderia
desistir assim, enquanto ainda a vejo vagando por aí. Com o olhar desconcertado
de quem sabe o que perdeu, mas não sabe como recuperar? Bom, coração, essa é a
sua chance. Eu ainda estou aqui: honestamente, loucamente, profundamente
apaixonado por você. Só quero ouvir você
dizer que sim!
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