Eu estou procurando por um “talvez”. E pra quem passou os últimos meses intercalando entre reclamar sobre o passado, evitar o futuro, e beber por ambos, isso pode ser considerado um avanço. Mas o tempo – sempre o tempo – tem seu jeito de nos empurrar adiante, independente de estarmos prontos para seguir em frente ou não. A regra é clara: nós iremos. Você só precisa de tempo para se adequar, bom... Ao tempo. Eventualmente tudo volta ao seu lugar. A poeira abaixa, e aos poucos a estrada volta a ser visível. Eu já escrevi sobre sentir que estava voltando ao normal, já divaguei sobre os meus clichês favoritos, e já enrolei sobre como é melhor esperar por algo real do que esconder-se atrás de alguém imaginário.
Eu tive um relacionamento. Foi bom por um tempo, até deixar de ser. Ela foi embora, e eu sofri por um tempo. O mundo não parou por causa disso, e aqui estamos.
Próxima?
***
Minha inabilidade de abrir mão das coisas e das pessoas é ironicamente proporcional à quantidade de mudanças pelas quais já passei na vida. De cidade para cidade, a cada novo apartamento, entre um relacionamento e outro, a vida não é nada senão um constante exercício de desconstrução. Nada dura para sempre, e mudar é inevitável. E mesmo quando você tenta evitar, com todas as suas forças, entregar-se a algo novo, as mudanças acontecem por você. A geografia, a economia, e um mutirão de ex-namoradas estão aí para comprovar isso.
A verdade é que eu estive procurando por um “talvez” desde que me conheço por gente. E nada tem a ver com algum sentimento de incompletude que existe em mim, porque tem dias em que eu mesmo sou obrigado a admitir que sou eu mesmo até demais. É sobre querer alguém para compartilhar isso, nos dias ruins e nos bons, entre as minúcias do cotidiano e os grandes acontecimentos. Sobre a emoção da sexta-feira à noite e o tédio do domingo à tarde.
Não é sobre precisar de alguém para amar, nem sobre ter medo de ficar sozinho. É sobre simplesmente entender que viver à dois, embora deveras desafiador, é mais interessante do que ser livre para pular de bar em bar, ou de cama em cama. Eu estaria casado hoje se “o amor da minha vida” aos 14 anos tivesse dito “sim”. E ao que parece, eu estaria noivo hoje se “o amor da minha vida” do ano passado também tivesse dito isso.
Há quem diga que esse tipo de raciocínio está influenciado por pressa, desespero, ansiedade, inquietação, ou qualquer outro adjetivo pejorativo cujo qual você consiga pensar, mas não. Eu, desde os 14 anos, sei o que quero para a minha vida. E eu, aos 26 e meio, nunca estive tão cansado de justificar isso para os outros. Ou então, cansado de precisar lembrar a mim mesmo de que, quando é ruim, é passageiro, mas quando é bom, é tudo.
Eu não tenho culpa se você não sabe o que quer, ou se não sabe lidar com alguém que sabe. Não tenho culpa de acordar, sozinho, pensando em como gostaria de tê-la deitada ao meu lado. E de poder ser feliz ao preparar o café que levaria até ti na cama. Com um domingo preguiçoso inteiro pela frente, sem nada planejado a não ser admirá-la, toda descabelada, sem maquiagem, usando alguma camiseta minha, reclamando do calor ou qualquer outra coisa, só para se certificar de que estou prestando atenção em você.
Eu quero uma união. Um casamento. Uma parceria. E para isso eu faço planos, perco a paciência, tenho crises de ansiedade, escrevo mais do que deveria para quem menos merecia ler, dedico músicas e músicas à pessoas que nunca realmente pararam para ouvi-las, confio cegamente e me humilho publicamente, à espera de que, um dia, eu encontre um “talvez”. Alguém que esteja disposta a relevar minhas manias, meus dramas, meus excessos, minhas faltas, meus descuidos, minhas desventuras e meus desgostos, porque sabe que há algo adiante na estrada que faz tudo isso valer a pena.
Todo dia eu procuro dar o meu melhor para manter a vida que tenho. A vida que tem sido possível ter. Mas, pra ser sincero, estou mesmo cansado é de esperar que a vida que eu quero comece. Só que, para chegar até ela, eu preciso de você. Preciso de um encontro, uma chance, um beijo. Um “talvez”.
Próxima!
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