Intimidade não é criada em um dia. Ao contrário da logística de uma comédia romântica, o amor da sua vida não irá cruzar seu caminho, de repente, ao tropeçar e derrubar um copo de café e um livro aos seus pés. E ao ajuda-la a levantar do chão, percebe que o livro caído é, na verdade, seu livro favorito. Após um momento de risadas constrangedoras, você aponta a coincidência literária entre vocês, que se estende até um convite para repor o café derramado e, eventualmente, um casamento primaveril.
Não. A vida não funciona assim. Tampouco as pessoas transitam às pressas por aí, carregando cappuccinos e exemplares de “Um Conto de Duas Cidades”. É mais provável que você mesmo esbarre em alguém enquanto tenta caminhar e garimpar o Tinder ao mesmo tempo. E a pessoa em quem irá esbarrar, muito provavelmente, não será o amor da sua vida, mas alguém nervoso porque você não ter olhado para a frente.
No entanto, eu costumava pensar que ainda poderia ser assim: repentino. Orientado pelos deuses, guiado pelo universo, escrito nas estrelas. Seja lá qual for a força superior à qual você deposita suas crenças, esta seria o fio condutor em direção à felicidade, na forma de uma pessoa física. Mas eu aprendi, depois de uma série de erros cósmicos e invariavelmente humanos, que intimidade – assim como o bom senso – não nasce do vácuo, mas é conquistada com o passar dos dias. Precisamente, com o passar das pequenas coisas que vocês fazem juntos.
É sobre preparar o café sem açúcar, do jeito que ela gosta. É sobre saber que não adianta fazer a festa na seção de hortifrúti do mercado, porque ele não é adepto a saladas. É sobre lembrar qual é o perfume favorito dela, quando ele entra em promoção. É sobre pensar no quão feliz ele ficará ao chegar em casa e ver que você preparou o jantar para vocês dois. É sobre os mil e um olhares diferentes que ela tem, para esboçar da alegria ao êxtase, passando pelo ódio passivo-agressivo e a tristeza que tenta esconder, para identificar de qual tipo de apoio ela está precisando. É sobre entender que ele não está sendo grosso ao responder de determinada maneira – é só o jeito sarcástico, aborrecido e intransigente dele de mostrar que está bem, até quando não está. É sobre reforçar o quanto você a ama, antes de caírem no sono, especialmente em dias onde ambos falharam em serem mais gentis um com o outro. É sobre estar disposto a acalmar o coração e ser melhor ao tentar de novo, na manhã seguinte.
Em invernos passados, eu sonhava com a ideia de estar tão sincronizado com outra pessoa, a ponto de conseguirmos rir das mesmas coisas, assistir a mesma programação, ou só estarmos à toa juntos. Mesmo concentrados cada um numa tela diferente, juntos na alienação. O conforto de estar a sós, mesmo com outra pessoa no recinto ao lado, é deveras recompensador – mas só acontece à prazo.
Intimidade é um dom a ser compartilhado, e só entende isso quem aprende a deixar não só o outro a entrar, mas ao deixa-lo à vontade na sua bagunça. Não é só sobre anunciar que “quem ficar comigo deve me aceitar como sou”. É sobre admitir que dar espaço para outra pessoa viver no seu coração, invariavelmente exige alguns ajustes. Se até dispositivos eletrônicos móveis precisam de cabos auxiliares e autorização para serem sincronizados, porque seres humanos não seriam mais complicados ainda?
Talvez não aconteça exatamente do jeito que você imaginava. Talvez leve tempo para que descubram como realmente são. Talvez alguns sacrifícios precisem ser feitos, em nome do outro. Mas talvez, apesar de tudo, ao finalmente alcançar a tão sonhada intimidade e “a sorte de um amor tranquilo”, você perceba que vale sim a pena.
Não é uma equação tradicional – vocês são muito mais do que a soma das pequenas coisas que fazem um pelo outro – mas, no final das contas, são elas que fazem toda a diferença.
Não. A vida não funciona assim. Tampouco as pessoas transitam às pressas por aí, carregando cappuccinos e exemplares de “Um Conto de Duas Cidades”. É mais provável que você mesmo esbarre em alguém enquanto tenta caminhar e garimpar o Tinder ao mesmo tempo. E a pessoa em quem irá esbarrar, muito provavelmente, não será o amor da sua vida, mas alguém nervoso porque você não ter olhado para a frente.
No entanto, eu costumava pensar que ainda poderia ser assim: repentino. Orientado pelos deuses, guiado pelo universo, escrito nas estrelas. Seja lá qual for a força superior à qual você deposita suas crenças, esta seria o fio condutor em direção à felicidade, na forma de uma pessoa física. Mas eu aprendi, depois de uma série de erros cósmicos e invariavelmente humanos, que intimidade – assim como o bom senso – não nasce do vácuo, mas é conquistada com o passar dos dias. Precisamente, com o passar das pequenas coisas que vocês fazem juntos.
É sobre preparar o café sem açúcar, do jeito que ela gosta. É sobre saber que não adianta fazer a festa na seção de hortifrúti do mercado, porque ele não é adepto a saladas. É sobre lembrar qual é o perfume favorito dela, quando ele entra em promoção. É sobre pensar no quão feliz ele ficará ao chegar em casa e ver que você preparou o jantar para vocês dois. É sobre os mil e um olhares diferentes que ela tem, para esboçar da alegria ao êxtase, passando pelo ódio passivo-agressivo e a tristeza que tenta esconder, para identificar de qual tipo de apoio ela está precisando. É sobre entender que ele não está sendo grosso ao responder de determinada maneira – é só o jeito sarcástico, aborrecido e intransigente dele de mostrar que está bem, até quando não está. É sobre reforçar o quanto você a ama, antes de caírem no sono, especialmente em dias onde ambos falharam em serem mais gentis um com o outro. É sobre estar disposto a acalmar o coração e ser melhor ao tentar de novo, na manhã seguinte.
Em invernos passados, eu sonhava com a ideia de estar tão sincronizado com outra pessoa, a ponto de conseguirmos rir das mesmas coisas, assistir a mesma programação, ou só estarmos à toa juntos. Mesmo concentrados cada um numa tela diferente, juntos na alienação. O conforto de estar a sós, mesmo com outra pessoa no recinto ao lado, é deveras recompensador – mas só acontece à prazo.
Intimidade é um dom a ser compartilhado, e só entende isso quem aprende a deixar não só o outro a entrar, mas ao deixa-lo à vontade na sua bagunça. Não é só sobre anunciar que “quem ficar comigo deve me aceitar como sou”. É sobre admitir que dar espaço para outra pessoa viver no seu coração, invariavelmente exige alguns ajustes. Se até dispositivos eletrônicos móveis precisam de cabos auxiliares e autorização para serem sincronizados, porque seres humanos não seriam mais complicados ainda?
Talvez não aconteça exatamente do jeito que você imaginava. Talvez leve tempo para que descubram como realmente são. Talvez alguns sacrifícios precisem ser feitos, em nome do outro. Mas talvez, apesar de tudo, ao finalmente alcançar a tão sonhada intimidade e “a sorte de um amor tranquilo”, você perceba que vale sim a pena.
Não é uma equação tradicional – vocês são muito mais do que a soma das pequenas coisas que fazem um pelo outro – mas, no final das contas, são elas que fazem toda a diferença.
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