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A porta aberta


Estar em processo de recolocação é como estar em um filme de suspense. Você nunca sabe o que pode acontecer, mas está fadado a vivenciar histórias de terror. Ou, nesse caso, histórias sobre promessas e oportunidades perdidas. É frustrante, mas é aprendizado. Mas enquanto uma porta não se abre, aqui estamos nós de novo – escrevendo na janela.

Recém chegado à cidade, fiz o que qualquer candidato deve fazer para se familiarizar com o mercado: localizei as empresas nas quais gostaria de trabalhar e entrei em contato com elas. Enviei uma carta de apresentação, contendo minhas principais qualificações e o pedido por uma oportunidade, agora ou futuramente, mediante a demanda dos contratantes. Portas não se abrirão se você não bater.

Em vista de um desses disparos, um gestor respondeu solicitando meu CV completo. Um bate e volta por e-mail, acompanhado por uma proposta inicial de trabalho, resultou em uma entrevista presencial em pleno sábado para trocarmos uma ideia.

Qual é seu plano de carreira?”, ele perguntou. “Quero trabalhar com marketing. Ainda não tive a chance, mas não há nada que não esteja disposto a aprender”, respondi com franqueza. “Passe uma semana conosco, conheça todos os departamentos, e na sexta-feira conversamos sobre uma posição para você, o que acha?”. Parecia um sonho – uma porta finalmente se abriu. E na segunda-feira seguinte, a realidade: eu estava do lado de dentro.

A realidade: sua equipe não estava ciente de que um potencial novo colega começaria sua jornada ali, e aos poucos foram se familiarizando com o processo de apresentação da empresa, seus procedimentos, e etc. Demorou três dias até que o gestor conversasse diretamente comigo novamente, reafirmando sua proposta. Na mesma ocasião, alinhamos como seria o restante do meu “teste” – passar meio período na agência (manhã) para conhecer a rotina – coisa que até então não havia sido acertada. “Na sexta sentamos e conversamos sobre como podemos nos acertar”. Tudo bem. Seguimos na expectativa.

Sextando com toda a esperança possível, eu cheguei ao potencial novo trabalho certo de que negociaríamos uma posição. Talvez não fosse a que gostaria, talvez não recebesse de cara o que preciso para me manter, mas seria um começo. Só uma oportunidade é o que qualquer pessoa em recolocação precisa para voltar a construir sua carreira. 

Mas a tal oportunidade... não veio. A conversa foi adiada devido a uma reunião, que se estendeu até o horário de almoço. Sua agenda estava cheia, e apesar do convite para participar de mais uma reunião à tarde, meus compromissos pessoais não permitiram que eu ficasse.

Gostaria muito, mas até definirmos um acordo preciso voltar para casa”. Nas duas vezes em que conversamos, comentei sobre como estava ajudando minha avó com tarefas domésticas, mas que revezaria os deveres com uma tia caso viesse a aceitar uma proposta sólida. Ao contrário das vezes anteriores em que ouviu isso, o gestor pareceu reagir com decepção. “Tudo bem, vou conversar com a equipe sobre como foi essa semana aí com você, e mando uma mensagem mais tarde”.

Isso foi há cinco dias. Pra bom entendedor, meio vácuo basta.

Não é fácil procurar trabalho. A energia gasta, a expectativa que precisa ser mantida em cheque, o otimismo que não pode ser perdido, as capacitações extra que procuramos cursar para tentar enriquecer o CV e mostrar como se está disposto a aprender, a estudar, a se arriscar em novos desafios... E é o mínimo que se deve fazer, mesmo quando não recebemos nenhum feedback após uma entrevista ou um teste.

Por bem ou por mal, a experiência não deixou de ser uma oportunidade. Pude conhecer os processos de uma agência pela primeira vez, e tive a certeza de que esse é o desafio que eu gostaria de assumir agora, como parte de um time. Tudo pode ser uma oportunidade de aprender, crescer e evoluir, se souber como interpretar a situação. E em menos de dois meses de volta à minha cidade, uma porta se abriu para mim. O que significa que não há nada que me faça desistir de acreditar que, da próxima vez, eu serei convidado a ficar.

Enfim, seguimos na expectativa...

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