2020 foi um ano de corações partidos, carteiras assinadas e muitas, mas muitas corridas de Uber. Mas entre os destroços, também foi um ano de certo aprendizado – ainda que obrigatório – quando o mundo ameaçou terminar e nos forçou a repensar alguns conceitos. Dos deslocamentos desnecessários ao quão nada sério é dizer que procura “nada sério” em um aplicativo de relacionamento.
E é nesse clima de retrospectiva que me proponho a revisitar tais conceitos. Porque como se tudo que já passou tão fosse o bastante, esse também foi o ano que me empurrou rumo à reta final dos vinte e tantos anos. O que pode não significar muito para outras pessoas, mas trata-se de um marco deveras sério para mim.
Porque a menos de um ano, se tudo der certo, chegarei aos 30. Uma idade que sequer imaginei possível e, agora, precisa ser minimamente fundamentada para não arriscar cair em outros conceitos infames – como imaturo, despreparado, inconsequente e desorganizado. Não que eu tivesse uma ideia clara de como minha vida estaria aos 30, especialmente se considerar o quanto essa mesma vida tende a mudar drasticamente de ano para ano – inclusive de CEP.
Um ano atrás, eu ainda passava calor e raiva em Foz do Iguaçu, em busca da realização de um sonho – e de um diploma que o concedesse valor de mercado. Cinco anos atrás, ironicamente, estava fazendo algo parecido com isso, mas em outro canto do Oeste Paranaense. O que só me faz pensar que planos a longo prazo são risórios, na falta de um adjetivo melhor, diante do quão aleatória minha trajetória parece ser.
O que pode acontecer daqui um ano, eu não faço a mínima ideia. O que não exclui totalmente a noção de que um vago planejamento seria algo sensato a se fazer agora. Porque o mesmo mundo que perdoa a disparidade dos vinte e poucos é o mesmo que recrimina a desordem dos trinta. E não me venha com textos prontos sobre como não se deve esperar por tudo aos vinte e poucos – fale por você. Até porque não estamos falando de ter tudo – como se fosse possível. Não. Estamos falando do fundamental. Ou da primeira das várias definições que me proponho a fazer.
O que seria então fundamental para mim? Um emprego baseado em escrever, uma sacada com vista para o pôr do sol, uma taça de vinho ou copo de uísque em mãos, e alguém para me fazer companhia. O resto é cenário, figurantes e barulho de fundo. Como chegar até lá, de onde estou hoje, é a equação a ser resolvida.
Outras definições importantes para fixar na mente, daqui pra frente: ao menor sinal de desinteresse, desapareça. Seja sincero, ainda que te doa. E acima de tudo: opte sempre pelos arrependimentos certos. Melhor acordar com ressaca e dor de cabeça do que passar a noite em claro, pensando no que ela teria dito. Há uma linha tênue entre deixar ela ir e dar espaço para que ela possa ficar. Bem como há um mundo de interpretações possíveis dentro da noção de que tudo acontece por um motivo. Amor costuma ser o fator decisivo para todas essas questões.
O que me traz à última definição, por ora, para seguir adiante com algo semelhante a um norte: continuaria fazendo tudo que julgar necessário por amor? Sim. Mas deixarei tudo de lado por isso? Não. São extremos contraditórios entre si? Com certeza. Simples, não é? Do mesmo jeito que os trinta prometem ser.
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