Qualquer um
que já teve seu coração partido sabe disso: tempo é o melhor remédio. Claro,
como via de regra, o conceito de tempo é relativo. Assim como duas pessoas
jamais sentirão a mesma dor na mesma proporção, essas mesmas pessoas tampouco
irão vivenciar a passagem dos dias igualmente.
Já faz um
ano desde que voltei para Londrina. Há quem diga que 2020 voou, bem como há
(grande maioria, eu presumo) quem diga que não vê a hora de que dezembro acabe,
natais e réveillons à parte. Como se virar a folha do calendário apagasse tudo
de ruim que passou e uma página em branco novinha se apresentasse para nós –
pronta para absorver novos desastres.
Voltando aos
corações partidos – algo que, se você não tiver tanto juízo, irá mesmo
acontecer – eis o verdadeiro segredo do tempo: assim como qualquer remédio, é a
dosagem que importa. Pouco tempo pode não ser o bastante para curar feridas.
Tempo demais, por outro lado, pode causar amnésia, perda de memória recente,
entre outras sequelas.
É por essas
e outras que timing é um daqueles conceitos tão infames quanto atrativos por
natureza. A famigerada “hora certa” para que as coisas aconteçam. O utópico
“momento certo” para tomar determinada decisão sobre alguém. Felizmente ou
infelizmente, tempo sempre pareceu tão caótico quanto acertar o relógio de um
videocassete – não só parecia impossível acertar o tempo naquele visor, como
todas as tentativas acabavam com um zero piscando pra você. E os ecos das
ironias dos anos 90 seguem firmes até hoje, ou eu não estaria trazendo esses
questionamentos à tona beirando aos 30 anos.
Quanto tempo
exatamente leva para se apaixonar por alguém? Ou para descobrir que aquela não
era “a pessoa certa”? Ou para se esquecer de alguém que partiu seu coração? Ou
para aceitar o fato de que aquela corrente tão intensa entre vocês simplesmente
se partiu, por parte de um dos elos ou por circunstâncias além de nós?
Quanto tempo
leva para deixar de questionar como, quem, quando, onde e porque o amor
acontece, para simplesmente vive-lo na sua plenitude? Qual afirmação faz mais
sentido para você hoje: “Até que a morte nos separe” ou “Que seja eterno
enquanto dure”? Eu não tenho as respostas, mas tempo algum me fez mudar de
ideia de que é com você que eu quero descobrir.
Talvez “para
sempre” seja uma locução adverbial de intensidade, não tempo, e nós é que
levamos anos para interpretar direito.
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