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Eu conheço o fim.


Tem tanta coisa que eu gostaria que você soubesse. Mas não queria que apenas ouvisse o que tenho a dizer. 

Queria que acreditasse que é verdade, porque é. Mas calma: não quero dizer que tenho algum tipo de razão. Longe disso. Existem coisas maiores do que você e eu, isso é só um fato. E entre todas as coisas que existem pelo mundo afora, quanto mais você as descobre, menos você percebe que tem razão sobre alguma delas. 

Só porque você as descobriu agora, antes de alguém que você conhece, não significa que há algum mérito a ser coletado. Só significa que você saiu da sua zona de conforto por tempo e distância suficientes para perceber que há um mundo lá fora. Maior do que si mesmo e com certeza maior do que você que está lendo isso. 

Não é, nem nunca foi, sobre razão. É sobre conhecimento e sobre a dádiva de compartilhá-lo. E é isso que eu quero que você saiba, porque talvez seja novidade pra você: eu conheço o fim.

Não me pergunte como eu sei disso. Apenas acredite em mim. E se estou investindo tempo e empenho necessários para levar essa informação até você, considere isso como um ato de carinho. Talvez porque eu não queira que você descubra isso como eu. Talvez eu queira poupar você da terrível verdade, por meio da experiência que só a ignorância pode proporcionar. 

Acredite em mim: você não precisa conhecer o fim por conta própria para saber que ele existe.

É cruel, mas não de uma forma inesperada. Se você está lendo isso, certamente sabe que tudo acaba. Não é nenhuma novidade. Mas o modo como acaba pode variar, e mais vezes do que deveria, acontece de repente. 

Você pensa que está pronto para isso em algum momento, mas não está. Você acha que vai dar conta disso quando chegar a hora, mas não vai. Você acredita que as coisas ficarão bem depois disso, e talvez até fiquem. Só nunca serão como eram antes, e ninguém realmente está pronto para aceitar esse tipo de sentença.

Eu sei que você vai querer saber como eu conheço o fim, mas acredite: não importa. Só o que importa é aqui e agora. O que está ao seu alcance e o que não está – e como você está lidando com isso. O restante é barulho de fundo, coadjuvantes alheios a você, entre outros detalhes insignificantes da experiência humana. 

Portanto não caia na tentação de descobrir cada passo que dei rumo ao desconhecido para voltar de alguma forma, quase inteiro porém plenamente disposto a trazer esse aviso. Eu sei o que você está pensando e, acredite se puder, será mais feliz sem os detalhes.

Eu sei que já disse algumas variações do que não quero te dizer, e a essa altura você já deve estar se questionando se esse interlúdio sequer vale o seu tempo. E você pode ter razão: talvez não valha. Mas se ainda está aqui, ou é curioso demais para o seu próprio bem, ou já suspeita o que estou querendo dizer. Então vamos ao ponto.

Tudo se resume a isso: você não precisa conhecer o fim como eu. Você ainda tem tempo de tornar as coisas diferentes. Ainda há um jeito de resgatar a vida que há em você, guardada entre bolsos, escondida em armários, adiada em agendas, reprogramada em alarmes, e reprimida em memórias. Entende o que eu quero dizer?

Você ainda pode ter um começo. Ou pode ser como eu. Mas eu não me canso de dizer, e algo que é repetido tantas vezes merece sua atenção: não espere até conhecer o fim.

Faça alguma coisa, aqui e agora, antes que seja tarde. O fim está próximo.




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