Essa é uma das duas frases que carrego comigo há anos na forma de post-its em um mural improvisado. Mudança após mudança, o mural foi perdendo seu charme original, bem com os post-its perderam sua capacidade de se segurar nele. Se há ou não uma metáfora embutida nisso quanto a permanência das coisas, a natureza efêmera da vida ou o teste do tempo sobre a nossa determinação, eu não sei. Mas são pensamentos que não pude deixar de notar enquanto, mudança após mudança, eu passava meus post-its a limpo como forma de nunca me esquecer do que considero ser fundamental.
Parece irônico precisar de um lembrete sobre algo fundamental, mas a vida – além de efêmera – também tende a ser deveras contraditória. Assim também se constitui a nossa natureza, apesar de alguns traços de personalidade constantes que, vez por outra, parecem destoar da realidade à sua volta. Não porque deixaram de nos representar, mas porque não fazem jus ao que as contingências exigem de nós agora.
Entender a si mesmo é recomendável aos 15, instrumental aos 25 e essencial aos 35. Mas apesar de ainda contar com apenas 32 e meio em campo, já enxergo qual nível de maturidade será necessária para vencer o campeonato. Mais que um campeonato, na verdade. Em se tratando de amadurecimento, todos nós corremos uma maratona – ainda que às vezes pareça que estamos competindo apenas com nós mesmos.
O que há após a linha de chegada? Isso depende. A verdadeira resposta pode ser dividida em partes. Comece pensando no seu ponto de partida, em tudo que contribuiu ou não para tomar impulso, depois considere os obstáculos ao longo do caminho – desde os aparentemente insuperáveis até os que hoje não passam de meros alertas de desvios. Então faça as contas de acordo com a sua realidade: você chegou aonde queria, ou só chegou longe?
A essa altura do campeonato, vale ressaltar que chegar longe e chegar aonde queria são coisas diferentes, por mais que a distância pareça imediatamente mais louvável. Há quem percorra o campo inúmeras vezes, com velocidade e destreza, assim como há quem faça mais pontos só por saber trabalhar bem em seu lugar na grande área.
Foi aí que eu percebi algo indiscutível: títulos à parte, eu estive correndo em círculos há anos. E como era de se esperar, fui me perdendo a cada nova volta.
A segunda frase no meu mural, testada pelo tempo e pelas mudanças, diz o seguinte: “na vida você deve fazer o que gosta, senão acaba trabalhando”.
É como um filme de terror, próximo do fim, quando se descobre que as ligações estavam vindo de dentro da casa o tempo todo. Se haverá sobreviventes ainda não sabemos, mas qualquer estrutura de roteiro básica ditaria que esse plot twist deve levar a trama a um novo rumo. Com ou sem ironia, talvez esse rumo seja o lugar do qual eu sempre imaginei não pertencer – mesmo vivendo em sua órbita há tanto tempo.
Talvez seja a hora de adicionar uma nova frase ao mural para encerrar a trilogia: “a vida fica mais fácil depois que você descobre o seu lugar”.
Senhoras e senhores, sejam bem vindos ao meu. Mudança após mudança, a verdade é que estamos sempre só começando...
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